Reportagem de Cláudia Almeida
“Não há limites. O maior limite somos nós mesmo que colocamos”. A fala do geneticista Wagner Baratela, em entrevista ao Portal Somos Todos Gigantes, não é uma frase de efeito ou de autoajuda. Ela é verdadeira. Maria Eduarda Mendonça é um dos muitos exemplos concretos disso. Com 27 anos de idade, Duda enfrentou e superou os obstáculos que surgiram para se tornar palestrante, formar-se em Direito e cursar pós-graduação em Ordem Jurídica. A meta é integrar o quadro efetivo da Procuradoria-Geral da República, onde já fez estágio.
Duda tem displasia óssea esponjometafisária com distrofia – segundo a família, é uma condição rara, com apenas dez casos conhecidos em todo o mundo. A bacharela em Direito precisa de uma cadeira de rodas para se locomover e possui apenas 20% da visão. Filha do seu Modesto e da dona Elza, conta com ajuda da mãe, dona Elza, para passar batom e arrumar os cabelos. A irmã, Fernanda, também dá uma mão no dia a dia.
Moradora de Brasília, Duda participou do Segundo Encontro Somos Todos Gigantes, em Goiânia. Engajada nas questões relacionadas aos direitos humanos, diz que as famílias que têm filhos com alguma deficiência devem se informar, para poder exigir seus direitos. Ela cita, por exemplo, que muita gente desconhece que tem direito a desconto na aquisição de cadeiras de rodas. “Elas podem, também, conseguir financiamentos bancários para comprar um imóvel ou isenções tributárias para adquirir carros adaptados”, lembra.
Palestrante desde criança, outra preocupação que tem é em relação à educação e acesso às oportunidades de ensino para todos. Intercala as atividades profissionais com sessões de fisioterapia – a condição genética a faz sofrer com intensas dores nas costas. Tudo superado com “amor, dedicação e carinho” da família, conta.
Duda enxerga o Somos Todos Gigantes como uma plataforma de relacionamento e conhecimento sobre o nanismo. “Espero que mais pessoas se engajem no movimento, para que sejam multiplicadoras das informações corretas, livres de preconceito”, diz.
Ela acredita que uma boa alternativa seria a criação, por parte do poder público, de um personagem com nanismo, como os bonecos do Teleton ou o Zé Gotinha (criado para incentivar a vacinação). “Seria uma forma de as crianças terem um referencial em suas brincadeiras, ao mesmo tempo em que incentivaria um olhar diferente das pessoas para o nanismo, livre de julgamento ou comentário maldoso”, afirma.
Voltando à frase do doutor Baratela, que abre esse texto, Duda complementa. “Nós temos de ser protagonistas da própria vida, porque cada um tem sua história”.