“O tamanho do ser humano é medido do pescoço pra cima”

“Meu nome é Alyson Eliezer, tenho 41 anos e sou solteiro. Meu tipo de nanismo é Acondroplasia, voltado apenas aos membros inferiores e superiores. Trabalho na área de Planejamento de uma multi-nacional, nesta empresa já trabalho há sete anos como assistente administrativo e financeiro. Minha vida é, na maioria das vezes, normal.

Tenho mais quatro irmãos de estatura normal. Sou o caçula da família. Moro com minha mãe e perdi meu pai aos 13 anos. Desde então cuido da minha mãe que é meu porto seguro. Meu bem mais precioso.

Foto de Divulgação
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A irmã Marli, a mãe D. Vilma, o irmao Adinelson, Alyson, o irmao Ailton e a irmã Elaine, da esq. para dir.

Tento levar a vida na mais sincera empatia e dignidade. Sou uma pessoa muito alegre e espontânea. Saio aos fins de semana ou na maioria deles. Adoro dançar e me sentir à vontade, seja em público, com amigos ou com a família. Neste momento, estou de coração livre mas já tive alguns relacionamentos com pessoas de média estatura. Nunca me relacionei com pessoas com nanismo.

Já fiz teatro amador e profissional, tenho algumas peças escritas por mim mesmo. Hoje, meu hobbie é trabalhar com música. Sou empresário artístico de alguns artistas regionais e produtor musical. Adoro estar com pessoas decididas, alegres e irreverentes.

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Com o sobrinho, Antônio Augusto.

Minha principal virtude acredito ser o respeito pelas pessoas e honestidade. Estou sempre em busca do novo, no aprendizado, buscando conhecimento através de novas experiências.

Já passei por muitas dificuldades. Venho de família humilde, que lutou e luta muito por cada conquista. O maior problema enfrentado hoje em dia é o preconceito das pessoas e a falta de acessibilidade em determinados locais. Fiz um comercial de TV para a TV PUC – Minas em que mostro tudo isto que menciono neste depoimento.

O preconceito está na cabeça das pessoas. Ajam com naturalidade e encarem a sua vida da forma alegre e contagiante. Digo sempre: que o me faz grande não é a estatura, mas minha marca e o meu contágio nas pessoas que estão à minha volta! Leve a vida com bom humor, assim terás mais sucesso.

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No carnaval, na Bahia.

Meu conselho: seja feliz como você é! Não é a sua estatura que irá te limitar em nada nesta vida. Obstáculos? Quem nunca os enfrentou? Encare tudo que está à sua volta com otimismo, respeito e bom humor. Tenho certeza que você irá se superar sempre. Mostre aos “outros” que o tamanho de um ser humano é medido não pela sua estatura mas pelo seu caráter e postura diante das dificuldades da vida. Seja você! Sempre! E lembre-se: o tamanho do ser humano é medido do pescoço pra cima, através de suas atitudes e intelectualidade”.

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Alyson Eliezer de Araújo fez seis períodos de Jornalismo mas mudou para Administração, a pedido da empresa. Ninguém menos do que a Vale, segunda maior mineradora do mundo, líder na produção de minério de ferro e presente em mais de 30 países. Lá, onde trabalha desde 2009, atua como ponto focal das gestões de pessoas, custos, saúde e segurança dos empregados.

“Gosto muito da área da comunicação. Me especializei na área de treinamento e desenvolvimento de pessoas. Hoje, trabalho com uma equipe de 73 profissionais. O meu ingresso na Vale foi através de processo seletivo onde disputei vaga para pessoas com deficiência. Porém, o processo foi idêntico para todos os candidatos. Amo o que faço. Me sinto realizado por tudo que represento nesta grande empresa e pela minha parcela de contribuição ao desenvolvimento da minha área”, conta Alyson que também já foi instrutor de treinamentos de informática, de capacitação para novos líderes e já realizou palestras sobre seu dia a dia com a deficiência.

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Barbara à frente, com Alyson. Ana atrás. Amigas de trabalho.

“Faço teatro desde ‘pequeno'” (risos), brinca, acrescentando sobre sua formação em teatro profissional. “Já atuei em diversas peças na região”, complementa.

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Mais um de seus trabalhos: o teatro.

O assistente administrativo da Vale vive com a agenda cheia. Gosta de viajar, curtir família e amigos, dançar, nadar, se divertir. No momento, está solteiro.

“Maior dificuldade é que apesar de termos muitos locais já com adaptações ainda é minoria. Tenho dificuldades com relação ao transporte público, balcões de bares, lojas, cafeterias, caixas eletrônicos. Em shows, para visualizá-los”, finaliza.

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Com a turma de trabalho na festa de confraternização: Arjuna, Raycon, Francisco, Warley e Tonico, na frente e, ao fundo, Cláudio.

Alyson é um exemplo, dentre muitos, de gente que não se deixa determinar. Algumas pessoas não aceitam estigmas e brincam de ultrapassar seus próprios limites. É sempre gratificante cruzar com elas para percebermos o quanto sempre podemos melhorar, quando nos encontramos fracos diante dos obstáculos. Parafraseando nosso querido e admirável entrevistado da semana: “Obstáculos? Quem nunca enfrentou? Encare tudo que está à sua volta com otimismo, respeito e bom humor”. Compartilhe, se expresse, conte sua história também. Envie seus emails aqui, no portal Somos Todos Gigantes.

Rafaela Toledo

Comentários

Respostas de 2

  1. Texto sensacional! Parabéns ao Alysson, que conheço desde a época que trabalhamos juntos na empresa. Ele descreveu muito bem como é ter nanismo. Mas ele sempre foi um é exemplo pra todos nós! A ele um grande abraço!

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