Nutricionista Paulinne Correa no 3º Congresso de Nanismo

Nutricionista Paulinne Correa no 3º Congresso de NanismoEspecializada em Fisiologia do Exercício, Nutrição Esportiva e Funcional, Atividade Física e suas bases Nutricionais, Fisioterapia e Coaching em Saúde e Emagrecimento, Paulinne é uma das profissionais mais relevantes de sua área em Goiás. Sua participação na terceira edição do Congresso de Nanismo, realizada pelo Somos Todos Gigantes, enfatizou uma das pautas mais importantes para os Acondroplásicos: a obesidade.

Obesidade é algo bastante importante para o Nanismo porque afeta 50% já na infância e é a principal causa de sérias complicações, como apneia do sono, doença pulmonar, complicações ortopédicas. Também está diretamente relacionada com mortes por doenças cardiovasculares, informa Paulinne logo nos primeiros momentos de sua palestra.

De acordo com a Fundación Alpe (Espanha) – organização que realiza o Congresso Internacional de Acondroplasia, evento que contou a presença de nossa idealizadora Juliana Yamin este ano – uma das principais condutas no tratamento preventivo da Acondroplasia é já incluir o nutricionista na equipe médica desde o nascimento.

Leia agora um resumo dinâmico do que foi o painel da nutricionista e não se esqueça de assistir tudinho no final, no link de nosso canal do Youtube.

Peso corporal x Excesso de gordura

Excesso de peso e de gordura são coisas diferentes. A balança nos dá um número que não diz respeito apenas à gordura. Paulinne explicou quais os protocolos científicos para diferenciarmos peso de gordura e identificarmos nosso peso ideal.

  • Foto de Divulgação
    Slide da palestra de Paulinne/ Foto de Divulgação

    Índice de Massa Corporal (IMS): relação do nosso peso de acordo com nossa altura (importante desde o nascimento porque é uma das formas primárias para identificar o excesso de gordura). Mas esta métrica não avalia o quê compõe mas o peso total. Por exemplo, se tivermos duas pessoas com mesma altura e peso igual, não necessariamente ambos têm a mesma composição corporal.

  • Dobras Cutâneas: são avaliadas em cada ponto e acompanhadas ao longo do tempo.
  • Circunferências Corporais (cintura e panturrilha)
  • DEXA – Equipamento usado para avaliação da densitometria óssea, recentemente usado para avaliação da composição corporal. Grande vantagem é que mostra distribuição de gordura segmentada por braços, pernas, tronco e abdome, tornando possível um melhor acompanhamento da evolução na região abdominal.

Pessoa com acondroplasia tem forte tendência a acumular gordura abdominal e isso é grande risco para desenvolvimento de doenças como, resistência insulínica, dislipidemia, hipertensão arterial, com risco adicional para doença cardiovascular e diabetes, explica a nutricionista.

Em todos os tipos de nanismo é essencial acompanhamento individualizado porque composição corporal é única. Complementar também com parâmetros bioquímicos (sangue) com testes genéticos e hormonais (urina), complementa Paulinne.

Ela falou sobre cada tipo de macroalimentos e suas características.

O que é índice glicêmico (IG) e carga glicêmica (CG)?

A especialista começou diferenciando estes dois conceitos para fechar seus esclarecimentos sobre os motivos pelos quais engordamos.

Slides da palestra de Paulinne/ Foto de Divulgação
  • IG: velocidade com a qual o açúcar entra em nossa corrente sanguínea. Também tem queda brusca. Alimentos com baixo índice glicêmico, aumentam menos o IG, de forma mais lenta.
  • CG: Quantidade de carboidrato relacionada ao IG. Se consumirmos 100g de pão, elevamos nossa glicemia, pico depois queda. Se comermos 10g, do mesmo pão, o comportamento do nosso IG muda. Menor quantidade influência menos, aumenta menos a glicemia.

Um pouco de cada nutriente para ter uma alimentação saudável, em pequenas quantidades. Diversidade em pequenas quantidades.

Porque engordamos?

  • Comemos muito e gastamos pouca energia. Cuidado com a predisposição genética dos acondroplásicos.
  • Consumimos carboidrato em maior quantidade desassociado das fibras e das gorduras.
  • Toda vez que aumentamos a insulina há grande chances de estarmos aumentando a gordura corporal. A insulina é um hormônio anabólico, faz crescimento, tanto de massa muscular quanto de massa corporal. É anti emagrecimento.
  • Engordamos também porque consumimos muitos alimentos industrializados, processados e isso gera inflamação do tecido adiposo.
  • Por fim, também engordamos porque dormimos mal. Pouco e com pouca qualidade, o que interfere no apetite e na ansiedade.

O que é dieta?

“Não é restrição mas organização a alimentação. Avaliar o que a pessoa precisa e paladar para suprir necessidades físicas psíquicas e emocionais. Não comemos apenas para alimentar o corpo”, observa a profissional.

Foto de Divulgação
Foto de Dicvulgação

“Quando apetite está desregulado tem algo no psíquico. Tudo que acontece no físico, primeiro acontece no psíquico. Comemos para saciar nossa emoção”, diz Paulinne explicando que para emagrecer é importante manter a insulina o mais estável possível ao longo do dia independente de quantas refeições são feitas. Cada uma das refeições deve ter baixa carga glicêmica e pequenos volume de alimentos.

Tipos de Dieta

Paulinne enfatizou sobre cada tipo de dieta ser uma estratégia específica para determinado momento do processo de emagrecimento.

Low Carb:

Qualquer dieta que tenha menos de 50% de carboidratos da alimentação já é low carb. Mexe menos com insulina e favorece emagrecimento.

Carb Cycling:

Ao longo da semana muda teor de carboidrato de forma que o corpo não acostuma e aprende a usar outras formas de energia.

Dieta Cetogênica:

Total restrição de carboidratos. Grande mal estar, dor de cabeça, fadiga, irritabilidade. Passados primeiros dias, efeitos são incríveis. Mas não pode ser feita por todos nem para sempre.

Jejum Intermitente:

Pode ser feita em grau mais rigoroso ou menos. Efeito esperado é uma adaptação metabólica em utilizar gordura corporal como fonte de energia.

“Temos muitas estratégias. O(a) nutricionista define qual a melhor estratégia após te avaliar. Qual vai se encaixar no seu perfil e você vai conseguir fazer”, diz Paulinne observando que nem toda dieta adequada é facilmente adaptável.

“Alimentação é comunhão”

A nutricionista falou ainda sobre a importância de ouvirmos nosso próprio corpo e sabermos diferenciar o que realmente necessidade de comer e o que é apenas vontade, para conseguir trabalhar os processos de emagrecimento.

Ela não deixou escapar que o ser humano, seu corpo e espírito, devem ser encarados de forma holística. Observou que a saciedade pode começar no corpo mas termina na alma e que não somos seres individuais mas coletivos, portanto uma alimentação saudável envolve comunhão. Não apenas com o próprio corpo, parando para ouvirmos nossas próprias necessidades físicas e ler os sinais enviados pelo nosso psiquê. Mas também comunhão com a família e com o ser coletivo que somos, unidos pela teia invisível de relacionamentos debatida na palestra da psicóloga Mirella Nery.

“Eu percebi que comida é só um motivo para reunir as pessoas. Num processo de alimentação saudável, de estilo de vida com relação à alimentação, toda família deve estar envolvida. A casa toda deve estar envolvida no processo de educação alimentar. Se seu filho não te vê consumir vegetal com verdadeira alegria, ainda que na decisão de cuidar do próprio corpo, como ele vai ter coragem de experimentar?

Alimentação é também conexão entre pessoas. O momento da alimentação, um momento de confraternização, união. Precisa mesmo ter um ritual. Momento de respeito e conexão com o alimento e com as pessoas que estão à mesa com a gente. Isso alimenta a alma além do corpo. Comemos para manter nossa vida e nos conectar”, finaliza brilhantemente a nutricionista.

Assista agora à palestra completa e compartilhe em suas redes sociais.

Rafaela Toledo

Comentários

Uma resposta

  1. Boa dia.
    Existe algum protocolo específico para avaliação de composição corporal (dobras cutâneas) direcionado para quem tem nanismo?
    Obrigado

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