Dicas criativas para o #STG

Diana Assennato

Diana Assennato, eleita a pessoa mais criativa do Brasil em 2014, fala com o portal sobre carreira, descoberta e inspiração

Foto de Diego Cagnato/ Fonte: Facebook de Diana

 

 

Encontrar o olhar certo, a palavra correta, o melhor caminho a seguir nem sempre é fácil. Exige um verdadeiro conhecimento do criador, da ação e dos receptores da empreitada.

 

Desde que nasceu, o portal Somos Todos Gigantes tem como norte o amor, o respeito e a inclusão. Buscando envolver todas as pontas do processo nesta lógica afetiva para falar de preconceito, aceitação, acessibilidade, direito, família e tantos outros temas que tocam nosso coração e nossas expectativas, estamos sempre à procura de otimizar os conteúdos para alcançar gradativamente mais pessoas com mensagens cada vez mais contextualizadas com suas realidades e dúvidas.

 

Veja o resultado desta busca no encontro com Diana Assennato, vencedora do prêmio de melhor startup de 2013 (Revista Info) com sua ferramenta de pagamento via Instagram, o Arco; e eleita entre 50 outros nomes como a pessoa mais criativa do Brasil em 2014 pelo grupo Meio&Mensagem. Hoje, à frente da própria empresa, Cobalto, e da equipe de criação de conteúdo da agência Green Park Content, onde concentra contas como Unilever, Nestlé, Danone e Nívea, ela esbanja experiência para compartilhar. Esta conversa descontraída trouxe dicas impagáveis para tornar nossa plataforma um meio de comunicação evolutivo e cada dia mais eficiente.

 

#STG – Como você despertou para sua carreira?

 

Foto do Facebook de Diana

Chefe

Em uma de suas viagens pelo mundo em Montjuïc

 

Diana – Foi um caminho longo. Mas começou quando eu fui fazer um mestrado fora do país e quando voltei, inventei que ia ter uma startup de tecnologia. Não me pergunte porquê! Porque eu não entendia nada do assunto. Não sabia nem por onde começar. Na época, tinha feito um trabalho de pesquisa enquanto eu morava em Londres, com uma empresa que faz análise de tecnologias e projeta isso pro futuro, ou seja, a gente era contratado para fazer análise do futuro dos eletrodomésticos, de tudo mais e um desses trabalhos foi sobre o futuro do ecommerce. Quando a gente fez esta avaliação, que foi para a WGSN, uma empresa super grande de tendência de moda e etc., eu vi várias coisas que funcionariam bem no mercado brasileiro.

 

Falei com uns amigos quando voltei que estava afim de lançar um sistema de pagamento pelo Instagram. Eles acharam super legal porque estava bombando. Isso foi em 2012. Lançamos o Arco, que era uma ferramente de pagamento que funcionava entre perfis de Instagram.

 

A transação acontecia toda dentro do aplicativo, a gente tinha uma autorização específica do Insta para isso acontecer. Foi muito legal. Ganhamos prêmios de melhor startup de 2013. Aí começamos a ter bastante visibilidade. Mas no fundo, no fundo, o que a gente estava fazendo ali de verdade era criar comunidades porque tínhamos que ensinar as pessoas a usar a ferramenta. Tanto o vendedor, quanto o comprador.

 

A gente achou que nossos vendedores seriam as grandes marcas mas acabaram sendo os pequenos produtores que usavam o Instagram como veículo de venda. Me interessava que este vendedor soubesse usar todas as ferramentas que aquela rede social oferece porque assim ele ia vender melhor, mais, e me gerar mais lucro. Então tinha uma coisa de não apenas ensinar a usar a ferramenta direito, mas ensinar a estar melhor no ecossistema do Instagram. Para que a mensagem dele fosse mais longe, e consequentemente, eu aumentasse minhas vendas sobre a venda dele.

 

Só que eu comecei a fazer isso com muita gente. As perguntas eram sempre as mesmas: “Qual o melhor horário para a gente postar para vender mais? Que tipo de texto engaja mais? Como eu faço para ter mais seguidores”? Comecei a fazer isso meio de graça porque me interessava que eles soubessem. Comecei a fazer isso muito, com muita gente, até que eu percebi: Estou fazendo algo que tem valor.

 

Ao mesmo tempo que isso ocorria, depois de dois ou três anos, a startup faliu, não deu certo… Quer dizer, deu muito certo no tempo que durou. Mas eu vi que gostava mesmo era de contar as histórias e de ajudar tanto a senhorinha do nordeste que vendia sabonete pelo Insta quanto campanhas globais da Leica, que vendiam câmeras de 10 mil reais pelo Insta. Ou seja, o ajudar essas pessoas a contar suas histórias em proporções tão diferentes me atraia muito. A partir daí eu montei com minha sócia Marina Malta uma consultoria de comunicação chamada Cobalto.

 

A Marina já tem o pézinho mais no Marketing. Eu ficava meio insegura e ela dizia: “A gente fala a mesma língua e vai dar certo”. Então foram três anos aperfeiçoando essa metodologia. A gente deixou bem redondo, trabalhando com vários tamanhos de negócios, fazendo exatamente o que a gente fazia na época do Arco, mas com método.

 

Notei que os números que a gente estava usando para medir sucesso, não entregavam a verdade. Não entregavam respostas. Eram só números e as pessoas ficavam apegadas neles. Esse processo começou meio que instintivamente.

 

Olhando em retrospecto, eu percebo que esta é uma visão um pouco mais holística do processo de comunicação. Eu acho que muitas outras empresas fazem isso super bem também mas é isso: criamos nossa metodologia e ela funciona! Eu gosto de falar isso porque a gente tem que mostrar resultado. No fim das contas, todo mundo tem um objetivo então o nosso papel em Cobalto é facilitar este objetivo e deixar a internet um lugar mais legal, basicamente.

 

#STG – Você chegou à conclusão de que todos os problemas do mundo são problemas de comunicação antes ou depois de faculdade de jornalismo?

 

Foto do Facebook de Diana

Descobriu

O encantamento pela tecnologia levou Diana a prêmios mas principalmente à sua essencia de contadora de histórias

 

Diana – Depois. Depois de muito trabalho. Na verdade, depois que eu entrei na Greenpark. Porque eu vi que o micro e o gigante têm os mesmo problemas. Claro, as dimensões são diferentes. Mas são os mesmo problemas. Comecei a analisar que de fato, os problemas vêm do mesmo lugar.

 

Fora que por ter sido empreendedora e ter tido a experiência com a startup, com muitos empreendedores, me mostrou que a comunicação é sempre o gargalo. Sempre a coisa mais menosprezada na hora de abrir uma empresa. É aquele problema que você tem que resolver. Só que não é bem assim… é o coração.

 

Na verdade é a solução, o centro das coisas. Mas sem dúvida a faculdade de jornalismo me ajudou muito e eu só fui entender a importância da minha formação quando estava no mestrado. Quando entendi que a formação que eu tinha recebido na PUC, que é um pouco voltada para o macro, para o social, para a economia, e menos para a redação, me ajudou a ter uma bagagem que me possibilitou aproveitar muito o mestrado. Sem dúvida.

 

#STG – Como você se inspira e como faz sua inspiração caber na rotina?

 

Foto do Facebook de Diana

Andanças

Andanças pelas Muralhas da China

 

Diana – Eu tenho voltado muito para os meus livros do mestrado porque eles têm respondido várias perguntas banais que eu tenho. Mas tenho conversado com gente jovem e está sendo muito legal falar com eles. Porque é um outro jeito de pensar, consumir e interpretar conteúdo, informação.

 

Montei uma equipe lá na Greenpark que são quatro repórteres e três editores. São todos mais novos do que eu de propósito porque eu queria muito que eles trouxessem um pouco de frescor para o pensamento da produção de conteúdo.

 

Quando a gente tem alguma dúvida ou vontade de trazer coisas novas para o mercado eu escolho dois ou três e digo: “Gente, preciso que vocês me ajudem a criar ideias para tal cliente, com tal finalidade”… ou a gente simplesmente senta e toma uma cerveja e pensa sobre o que ninguém está fazendo.

 

Isso está sendo muito legal. Mas é isso. To dando um tempo no meu consumo desenfreado de notícias porque estava muito pesado. Agora eu me informo basicamente via newsletter. Está sendo meu jeito de acalmar a onda de excesso de informação.

Tenho também perguntado para as pessoas como elas estão lidando com o mundo da comunicação porque eu ando numa crise de identidade. Comunicação é um universo muito difícil. Muito menosprezado. Importantíssimo. Subvalorizado.

 

Os jornalistas e profissionais se desvalorizam também. É muito triste para a comunicação. Ao mesmo tempo, vejo muitas mudanças legais acontecendo. Quem é jovem consegue se adaptar mais rápido.

 

#STG – Como um movimento de minorias, como o Somos Todos Gigantes, pode atingir quem não está envolvido diretamente com estas questões, como é o caso do nanismo, na sua opinião?

 

Foto de @diegocagnato

Adepta

Adepta da bike, ela não perde um bom pedal e uns belos clicks

 

Diana – Tem que aproveitar a onda do Caos Washing. Todas as marcas estão querendo se envolver e ter uma opinião, uma voz, sobre minorias. Acho que este é um momento muito profícuo para qualquer causa que queira ganhar corpo.

 

Pensa na onda feminista de 2016. Quantas marcas não correram para deixar sua opinião? Existe todo um universo de minorias. As pessoas estão querendo ouvir. Quando você encontra ressonância, quando sente que a mensagem está fazendo eco entre as pessoas, este é um terreno muito fértil para você desenrolar assuntos de forma mais profunda.

 

As pessoas estão mais dispostas a falar de assuntos densos, profundos… Claro que as marcas vão sempre querer se meter nisso tirando vantagem… É normal. Mas as pessoas estão ouvindo. Existe atenção. O que eu sinto hoje é que as pessoas estão cansadas de ignorar certos problemas.

 

Nesta perspectiva trabalhamos para alcançar diariamente mais pessoas com os assuntos que debatem respeito às diferenças, inclusão e combate ao preconceito. Nos ajude espalhar a semente. Não deixe de compartilhar e dar suas sugestões sobre criativos que devem ser entrevistados pelo portal.

Rafaela Toledo

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