Cyberbullying: o perigo viraliza

Tudo que acontece na vida real, ganha lente de aumento na internet. Não seria diferente com o bullying. Uma ofensa toma rapidamente proporções astronômicas e há muito pouco a se fazer quando os danos viralizam e fica caracterizado o cyberbullying.

Durante a primeira edição do Altos Papos, evento de comemoração do último dia das crianças, promovido pelo Somos Todos Gigantes em Goiânia, recebemos a consultora de marketing digital, Aline Jajah, para falar sobre o assunto.

Focado em informar pais e crianças sobre o Cyberbullying, suas características emocionais e efeitos, o evento abriu um debate na comunidade #STG que vale a pena ser visto por outras óticas.

Desta vez, nosso convidado vai falar sobre o tema do ponto de vista legal, além de aconselhar pais e responsáveis acerca de comportamentos preventivos. Acompanhe agora a entrevista exclusiva com o advogado Rafael Fernandes Maciel, 38, presidente do Instituto Goiano de Direito Digital e professor especializado em direito digital.

Foto de Divulgação
Foto de Divulgação
O advogado também atende em escritório próprio, na capital goiana.

Não deixe de compartilhar e deixar as suas dúvidas nos comentários. Fazemos questão de tentar solucionar cada uma delas em fontes oficiais e científicas.

STG – Porque o cyberbullying tem se tornado um assunto tão preocupante?

Rafael – Tem se tornado tão preocupante, um debate importante e necessário, porque há um reconhecimento da potencialidade de danos que uma exposição, especialmente uma exposição difamatória, ofensiva, em redes sociais, ou na internet como um todo, é muito grave. Tem um potencial grave.

A propagação do dano é muito maior e muito mais rápida. O conteúdo também fica mais tempo disponível, para não dizer por todo o tempo. Muito diferente de um bullying tradicional, na escola, que também tem sua importância. A questão é que hoje o cyberbullying extrapola uma comunidade e vai para toda a internet, todas as pessoas, podendo gerar um dano psicológico muito sério à pessoa ofendida.

Além do fato do aumento do dano, há também a questão da facilidade do cometimento deste tipo de ocorrência. Você, no calor da emoção, consegue produzir um conteúdo ofensivo de forma muito rápida. E a partir do momento que você clica no enviar, não tem mais controle sobre esta mensagem.

Não depende mais da pessoa, por exemplo, se arrepender do ato e não fazer mais, como na escola. Uma vez tendo feito um conteúdo difamatório, por mais que você tenha se arrependido, não tem mais controle sobre esta informação.

STG – Como pais pode prevenir os filhos?

Rafael – Em relação aos pais prevenirem os filhos, eu acredito que primeiro os pais e a própria escola precisam trazer a noção para esta geração dos riscos e dos danos que este tipo de exposição ofensiva na internet causa.

Então, primeiro é conscientizar as pessoas de não fazerem, e para os filhos que porventura estejam sofrendo este tipo de ataque, estar próximo. O pai precisa perceber qualquer tipo de alteração, monitorar o que fazem nas redes sociais.

Acho que é muito mais uma questão de educação, em casa, de você tentar ficar o mais próximo possível do seu filho para que, se isso começar a acontecer, possa buscar auxílio e tomar medidas mais rápidas, de forma a tentar minimizar o dano.

STG – Quais os melhores controles parentais?

Rafael – Nós temos inúmeros softwares, de custo muito baixo e que podem fazer este tipo de controle no computador. Agora, este tipo de método não é a solução do problema, porque temos vários dispositivos… a pessoa pode acessar a internet por outros caminhos. Então o principal é o ponto anterior, a questão da própria educação e proximidade.

STG – Quais ambientes digitais são mais propícios para o cyberbulling?

Rafael – As redes sociais, principalmente esses aplicativos de mensagens instantâneas, como por exemplo, Whatsapp. Têm se tornado o ambiente em que mais ocorre.

STG – Como as escolas devem abordar o assunto?

Rafael – O assunto deve ser abordado sempre. Tem que ser uma política que transcende o meio digital. Adotar políticas de acompanhamento dos alunos, entender como estão se portando, ver casos de abuso antes que isso siga para o meio digital, tentar acompanhar o mais de perto possível e fazer campanhas de conscientização perenes, ou seja, não ficar só em eventuais momentos ou quando alguma situação aconteça. Tem que ser uma política rotineira da escola.

STG – Você tem filhos? Qual o seu conselho para pais de crianças com deficiência, em relação à usabilidade da internet e preservação pessoal?

Rafael – Tenho duas filhas, uma de 9 e outra de 7 anos. As crianças com deficiência têm que utilizar todo o potencial da internet. A questão de eventual necessidade especial não impede a pessoa de utilizar a internet… Há recursos para que ela tenha uma experiência pelo menos de acesso à informação.

Pode ter algum ou outro site com mais dificuldade e isso é uma luta, inclusive prevista o no Marco Civil, a questão da acessibilidade dos sites, especialmente sites de serviço público.

Mas a questão da preservação pessoal, eu acho que é uma dica para todos. Todos estão sujeitos a virar meme se começam a se expor demais nas redes sociais. Eu acho que é pensar bem antes de se expor.

STG – Em caso de publicações pejorativas, com utilização de imagem de pessoas com nanismo sem autorização, por exemplo, qual o procedimento para conseguir retirar do ar, além de denunciar para a plataforma onde aconteceu a publicação?

Rafael – O procedimento é judicial. Você tem que identificar os provedores, onde estão localizados, e entrar com ordem judicial contra os provedores. Pode ser que alguma rede social ou outra, por exemplo, faça a remoção administrativa. Aí a questão da denúncia administrativa, cada rede tem uma forma. Na pior das hipóteses é possível fazer por email. Mas legalmente, eles só têm a obrigação de remover com ordem judicial. Podem remover sem ordem judicial, mas não tem obrigação legal.

Gostou? Deixe sua opinião e participe de Pesquisa de Público e Satisfação realizada pelo Somos Todos Gigantes. Se já respondeu o formulário, desconsidere. Se não, corre lá porque os participantes vão concorrer à 10 camisetas GRATUITAS do Somos Todos Gigantes .

Basta clicar no link da pesquisa acima ou AQUI

Rafaela Toledo

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja Mais

Você sabia que o Senado aprovou um novo símbolo de acessibilidade? 

Uma cadeira de rodas apesar de representar uma parcela significativa das pessoas com deficiência, mas não representa a diversidade de PCDs que somos. No mês passado, o Senado aprovou o projeto que substitui o Símbolo Internacional de Acesso pelo Símbolo Internacional de Acessibilidade. Com isso,

Você sabia que o Senado aprovou um novo símbolo de acessibilidade? 

Uma cadeira de rodas apesar de representar uma parcela significativa das pessoas com deficiência, mas não representa a diversidade de PCDs que somos. No mês passado, o Senado aprovou o projeto que substitui o Símbolo Internacional de Acesso pelo Símbolo Internacional de Acessibilidade. Com isso,

Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.