Cirurgião Dentista Fábio Santana no 3º Congresso de Nanismo

Especialista em ortodontia e ortopedia facial, ele é membro do World Federation of Orthodontists e da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR), instituição onde presidiu a sessão de Goiás por duas gestões. Sócio diretor do grupo Doc+ e Master de Odontologia, ele trata toda a família Nogueira Yamin e aproveitou o exemplo do tratamento do nosso youtuber Gabriel para mostrar as peculiaridades do tratamento dentário de quem tem nanismo.

O dentista abordou principalmente a Acondroplasia. Esta síndrome hereditária com transmissão autossômica dominante tem como principal sintoma o Prognatismo Aparente Mandibular (ou Retrognatismo Maxilar) por Hipoplasia do terço médio da face, de acordo com Fábio Santana, que escolheu o tema para palestrar na terceira edição do Congresso Nacional de Nanismo.

Veja agora as principais informações do painel neste resumo e acompanhe a palestra completa, ao final da matéria, em no canal do Somos Todos Gigantes, no Youtube.

Deficiência no ⅓ médio da face

“O 1/3 médio da face é abaixo do nariz até o centro da órbita. Onde acondroplásico tem maior deficiência. A face sofre alterações mas o crânio não. A face fica aquém, cresce menos. A severidade também compromete o tratamento”, começou o ortodontista explicando os três tipos de projeção maxilar possíveis.

Foto de Divulgação
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Face I (corresponde ao normal), II (Retrognatismo), III (Prognatismo).

“A maior parte dos acondroplásicos são parte III. Eles são deficientes em maxila, muito parecido com asiáticos, que têm o maior índice deste tipo de problema. Desenvolvem menos o terço médio da face”, conta o especialista.

Foto de Divugação
Foto de Divulgação
Gabriel é paciente do Dr. Fábio e foi modelo das demonstrações.

No prognata, a mandíbula é proeminente. O lábio inferior também. O superior recuado. Isso tudo acontece devido à parte intermediária da face retraída, que acontece não apenas com Acondroplásicos mas por ocorrer com qualquer indivíduo.

Características:

  • Respiração bucal: quando o terço médio é menos desenvolvido, há mais dificuldade respiratória, mais ainda no caso do Acondroplásico que também tem achatamento de tórax. Essa combinação causa ronco severo, respiração ruim.
  • Palato Estreito (bastante comprimido): o que causa apinhamentos dentários bastante severos (um dente sobre o outro porque não tem espaço no corredor ósseo).
  • Nariz em sela
  • Maxila atrésica: céu da boca bastante estreito. Não há espaço para os dentes no arco dentário.

“O tratamento é simples na fase precoce. Avaliação deve ser feita entre quatro e seis anos. O tratamento para homens até 12 anos”, explica acrescentando que depois de mais velho também é possível fazer correções ortodônticas mas com movimentos cirúrgicos mais complexos.

Alterações na oclusão dentária do Acondroplásico

Podem acontecer cruzamentos dentários. Dentes também se projetam para dentro ou para fora causando propensão à fraturas.

Tratamento

Foto de Divulgação
Foto de Divulgação
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Segundo o especialista, o tratamento consiste em abrir espaço no arco ósseo. “Fazer expansão. Aumenta-se o corredor ósseo e compatibiliza-se proporções dentárias com o tamanho do arco ósseo”, esclarece.

O tratamento é similar para acondroplásicos ou não. Mesmo assim, de acordo com o cirurgião dentista, o diagnóstico que é fundamental.

Peculiaridades do Tratamento Dentário da Acondroplasia

  • Densidade óssea é diferente. “A movimentação óssea dentro do dente é diferente. Isso pode alterar o tempo de tratamento, por exemplo, de resultado”, diz Fábio.
  • Interação sistêmica: “Quem tem nanismo tem dificuldades respiratórias. A atresia do palato faz com que ele seja um respirador bucal, que tem mais chances de ter cáries”, avalia e completa: “A tentativa é fazer com que o paciente respire normalmente pelo nariz. Aqueça e filtre o ar”.
  • Fenda Palatina: geralmente é identificada no nascimento. É importante porque há uma comunicação da cavidade bucal e do nariz. Tem que ser tratada IMEDIATAMENTE. “No Brasil temos centros de referência, por exemplo, em Bauru, temos um Centro de Referência para Lábios Fissurados; aqui em Goiânia temos um instituto também: Hospital Materno Infantil  que tem uma estrutura muito boa e atende com equipe multifuncional”, sugere observando a seguir a importância de um tratamento completo.
  • Ostenção de vínculos e Condicionamentos: quem tem nanismo já vem com dificuldades hospitalares. A participação tranquila é extremamente importante. “Comece o tratamento precoce com odontopediatra, porque ele vai direcionar o tratamento, quando for necessário o ortodontista intercepta o problema”, aconselha.
  • Necessidade de Cuidado especial no aspecto emocional: só é possível um vínculo profissional com o paciente se houver uma relação de confiança.

Aspecto Social

Com dentes apinhados e maxila atrésica, segundo o dentista, a pessoa não tem as funções mastigatórias completas, nem as funções sociais de um sorriso bonito. “Muda sorriso, mastigação, respiração… Tudo melhora quando fazemos o tratamento”, opina Dr. Fábio.

“O que importa não é o aparelho mas o tratamento. Temos um arsenal de equipamentos”, mostrou com fotos os tipos de aparelhos explicando que o importante é encontrar uma ferramenta que seja adequada ao paciente e seu grau de comprometimento.

“Para mim, para expansão máxima de maxila, tem que ser o fixo porque a expansão é muito rápida. Ao final de 15 dias está pronto o espaço. Os pais abrem duas voltinhas por dia, em 15 dias, a expansão está pronta e mais 3 anos até a consolidação óssea da estrutura. Tratamento extremamente rápido”, pontua o especialista.

Assista agora à palestra completa e não deixe de compartilhar nas redes sociais.

Rafaela Toledo

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