Elis, uma das mães mais atuantes na comunicação entre gigantes no Brasil e amiga antiga do Somos Todos Gigantes, solta o verbo e fala sem tabus sobre choque, descoberta, resiliência e amor
Henrique é meu primeiro filho e toda mãe de primeira viagem fica na maior alegria com a gestação. Fiz pré natal direitinho e quando estava há uns 20 dias do parto resolvi fazer o último ultrassom porque naquela noite não senti ele se mexer na barriga. Fiquei preocupada.
Ao chegar sozinha no laboratório, o médico me disse: “Moça, você sabe que seu bebê não está com a idade óssea compatível com tamanho? É muito pequeno”. Nossa! Naquele momento fiquei sem chão. Comecei a tremer, chorar, nem sei como cheguei em casa.
Fomos ao obstetra e ele viu que nos ultrassons era esse mesmo o resultado e ele não nos informou. Realmente foi um susto porque tudo que eu ouvi era que meu bebê não ia sobreviver.
Foto de Divulgação
Elisângela grávida do primeiro filho
Meu esposo e eu começamos a pedir a Deus pela vida dele porque pra mim o que importava era meu filho nascer com saúde e se ele seria pequeno, isso realmente não importava.
Em 11 de julho de 2008 nasceu Henrique com 41 cm pesando 3,700 Kg e com um diagnóstico de Displasia Espondilo Epifisária, com sequência de Pierre Robin, ou seja, a partir daí ele já ficou internado na UTI neonatal, onde começou sua luta para sobreviver.
Nasceu com várias complicações respiratórias, palato aberto, mas aos poucos e com algumas cirurgias foi vencendo cada probleminha. A cada cirurgia uma vitória.
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Henrique com exatamente um ano de idade
Ao completar 87 dias no hospital, ele recebeu alta mas teve necessidade de homecare devido à gastrostomia e à laringomalácia.
Os médicos tinham receio de que ele poderia fazer uso de oxigênio mas não precisou. Ele é um gigante, esse garoto! Forte vencedor.
Confesso que nossa vida deu um giro de 360º. Henrique chegou em casa: que alegria! Mas era tanta gente. Enfermeiros, visita de pediatra, fonoaudiólogo, fisioterapia… Quase não ficávamos sozinhos com ele. Aprendi a ser (risos) um pouco enfermeira. Era muito amor cuidar dele.
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Cara de seriedade
Os dois primeiros anos de vida dele foram mais difíceis. Probleminha de respiração e deglutição todos solucionados, hoje ele tem uma vida normal. Nanismo, nada mais é do que uma pessoa ser pequena.
Eu sou muito grata a Deus por ele. Não poderia ser diferente. Inteligente, carinhoso e muito engraçado: esse é Henrique. Um criança feliz. Eu sempre disse para ele sobre sua condição. Isso é algo que conversamos muito e graças a Deus, entendemos muito bem.
Essa história foi de luta porém com vitória. Ele é tão saudável! Estuda na terceira série e na formatura do pré parecia um sonho ver ele como orador da turma. Foi um momento de muito orgulho e emoção.
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Fazendo pose para a foto
Acho que aprendi muito mais a ser uma pessoa melhor. Desenvolvi muito mais meu lado voluntário.
Lembro de um momento marcante com ele na UTI neonatal, entubado. Eu e meu esposo chegamos, ele olhou para gente tentando arrancar tudo aquilo e mostrando que ele era capaz de respirar sem aqueles aparelhos. E os médicos tiraram. Realmente, ele ficou bem. A cada dia, passo a passo e cirurgias vencidas.
Há 9 anos atrás não tinha esses grupo de watts para ajudar, trocar experiências. Hoje ajudo com muito carinho outras mãezinha pois apoio é o que elas mais precisam.
Quanto à sociedade, precisamos passar informações sobre nanismo e que qualquer casal pode ter um filho pequeno. Eu tenho muito orgulho de ser mãe do Henrique.
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