Depois de um aborto espontâneo e uma gravidez tubária, Juliana Yamin pensou seriamente em desistir da maternidade. O medo e a insegurança pareciam sinais de que este não era um papel para ela. Mas o desejo permaneceu no coração e logo veio a gestação do Gabriel. Na 32ª semana, entretanto, um diagnóstico aterrorizante que logo se transformou em bênção. O nascimento do Gabriel, hoje com 14 anos, transformou não apenas a vida da própria família, mas contribuiu para mudar o cenário do nanismo no país. Foi por ele que começou o movimento Somos Todos Gigantes, hoje Instituto Nacional de Nanismo (INN).
“O diagnóstico tomou conta daquele que até então era o momento mais gostoso que eu vivera como mulher. Segundo os médicos, meu filho tinha vários problemas e malformações; Ele teria problemas nos dois rins, no cérebro (que o levaria à demência), teria as pernas, braços e crânio totalmente deformados e teria nanismo. Ah! E o médico ainda disse: pode ser que ele não sobreviva, e não tem nada que a medicina possa fazer por ele”, recorda.
Yamin conta que foram horas de questionamentos e desespero e na mesma noite em que descobriu sobre tudo que seria possível ao Gabriel, conversou com Deus. “Naquela noite insone, questionei o próprio Deus e o ouvi (sim! ouvi): “não te dei uma escolha, te dei uma benção!”. A partir dali entendi minha missão e que o amor que eu já sentia pelo meu menino não era em vão! Estaríamos juntos! Ele sobreviveria, sim.”
Neste momento, a mãe do gigante Gabriel – diagnosticado com acondroplasia – conta que pediu a Deus duas coisas: que o filho viesse conforme Deus tinha planejado e que ela tivesse sabedoria para conduzi-lo feliz e bem pela vida, independente das limitações. “O Gabriel veio de uma maneira espetacular e com uma história incrível que me encheu de alegria e me fez querer mais. Logo veio a Laura, uma menina doce e forte, cheia de talentos e virtudes que brilha e encanta por onde passa. E depois chegou o Fernando, um menininho sensacional, cheio de ideias mirabolantes e um coração que transborda amor “, completa.
Como todas as mães do mundo, Juliana conta que tinha medo de não ser uma boa mãe, mas descobriu que não há nada no mundo que ela ame mais. “Quero estar com meu trio o tempo todo! Somos um time que se completa e se encaixa, um quebra-cabeças de peças diferentes que forma uma figura singular! Eu que sempre fui uma mulher dinâmica, empreendedora, que me envolvia com mil projetos e atividades, não me via jamais longe desse contexto. Hoje eu abro mão de tudo para estar apenas mãe, meu melhor papel, minha maior vocação, minha grande realização”, acrescenta.
Hoje presidente do Instituto Nacional de Nanismo, Juliana diz que entendeu que gerar vidas e conduzir seres humanos em um mundo tão desafiador, preparando-os emocional e eticamente para fazerem a diferença em sua geração é a maior responsabilidade e será o maior êxito que poderá alcançar como mulher.