Integrante do Nanismo Brasil, a médica Fernanda Fonseca, de 27 anos, foi convidada pel IFMSA Brazil Universidade Nove de Julho (Uninove) para realizar uma palestra aos estudantes de medicina. A temática envolvia a profissão x deficiência e grande parte dos alunos desconhecia as particularidades de uma pessoa com nanismo. Atualmente Fernanda, que tem acondroplasia – o tipo mais comum de nanismo – atua na emergência de dois hospitais da cidade de São Paulo (SP).
“Confesso que foi uma surpresa ser convidada para falar sobre ser uma médica com nanismo. A realidade ainda é muito dura e cheia de preconceito na minha classe trabalhista. Fiquei ainda mais feliz ao notar o interesse dos envolvidos e as perguntas relevantes que foram feitas durante o encontro”, explica Fernanda.
A médica explica que a maior parte dos alunos queriam saber mais sobre a estrutura/adaptação física dos hospitais nos quais ela trabalha. Além disso, questionaram sobre preconceito por parte dos pacientes e também da equipe de trabalho. “Já fui vítima de preconceito, inclusive, por um técnico de enfermagem em um hospital que eu trabalhei. Ele tinha crises de risos quando me via. Eu tenho algumas limitações físicas, como por exemplo, avaliar os pacientes em macas que não são adaptáveis, então eu preciso muito de escadinhas”, citou como exemplos.
Maria Eduarda Siqueira, de 23 anos, é diretora de Direitos Humanos e Paz da Federação Internacional de Associações de Estudantes de Medicina da Uninove (IFMSA Brazil UNINOVE) e foi uma das responsáveis pela organização do encontro. Ela explica que a ideia do grupo é incluir assuntos que vão além da grade curricular convencional por meio de palestras, eventos e seminários. A ideia surgiu de uma das coordenadoras do curso na Uninove, que tem um cunhado com nanismo e uma sogra ativista da causa.
“Foi muito interessante pra gente quebrar preconceitos, principalmente na área médica. Ela contou, por exemplo, que só teve contato com outra pessoa com nanismo aos 20 anos. Fizemos uma avaliação de impacto depois do encontro e coletamos depoimentos das pessoas. Ter conhecido a Fernanda foi incrível e nos transformou como profissionais. Infelizmente, ainda tivemos casos de estudantes que se referiram a ela como anã, mesmo depois da conversa, mas sabemos que é um processo e que o caminho ainda é muito longo”, finalizou Maria Eduarda.
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