Fisioterapia é essencial para crianças e adultos com Nanismo

Estímulo da amamentação, sustentação da cabeça e do tronco, auxílio para rolar, arrastar, sentar e até mesmo andar. Estes são apenas alguns dos benefícios para a criança com Nanismo quando o assunto é fisioterapia. Geralmente, crianças com a deficiência apresentam hipotonia generalizada, uma diminuição do tônus muscular e da força, e isso pode acarretar em atrasos nas fases. Para os adultos, os benefícios incluem ainda auxìlio na postura e diminuição de dores crônicas. 

Cinthya Renata Sá, fisioterapeuta

Cinthya Renata Sá, de 41 anos, é fisioterapeuta e também uma pessoa com acondroplasia, o tipo mais comum de Nanismo. Ela explica que, na infância, a fisioterapia não tinha tanto reconhecimento e que o Nanismo não era tão estudado como é hoje. Ainda que a informação tenha aumentado ao longo dos anos, diz que mesmo na faculdade que cursou há 17 anos não ouviu, em nenhum momento, falar sobre Nanismo. 

“Os profissionais não são capacitados para  lidar com o diferente. Como sempre pensei em evoluir e também ser destaque na área , não me conformava somente com a graduação. Fui buscar mais, fiz várias pós-graduações, especialização e perdi as contas de quantos cursos. A minha deficiência me transformou em uma mulher forte, com muita vontade de mostrar que eu era capaz de ser o que quiser”, completa. 

A fisioterapeuta explica que, na primeira infância, o bebê precisa de muitos estímulos para o desenvolvimento psicomotor. Dessa forma, o fisioterapeuta terá um papel super importante para os estímulos. “Mesmo que as crianças com Nanismo possam apresentar alguns atrasos, é necessário que passe por todas as fases, ainda que no próprio tempo, garantindo uma vida adulta mais saudável”, completa. 

Moradora de Macaé, no Rio de Janeiro, Ana Clara, de 6 anos, começou a fazer fisioterapia aos 3 meses de vida. Diagnosticada com acondroplasia, teve estenose do forame magno e era bastante hipotônica. A mãe é a engenheira mecânica Anyck Viana e o pai, também engenheiro mecânico, Eduardo Viana. Anyck explica que, aos 6 meses, passou pela descompressão e, assim que foi liberada, retornou para a fisio. “Ela ganhou tônus muscular, equilíbrio e melhorou a flacidez. Só ficou sem fisioterapia durante a pandemia e foi um fator importante demais para a vida dela. Ela nunca teve encurtamento de ligamentos, problemas graves ortopédicos, não apresenta varo nas pernas”, finaliza.

Ana Clara, de 6 anos

Aguardando atendimento 

Luís Eduardo Sousa, de 3 anos e 10 meses, tem hipoacondroplasia e mora em Cidade Brasileira, no Piauí. A mãe, Edielma da Silva Sousa, explica que, além do acompanhamento com o ortopedista, também fez sessões de fisioterapia para ajudar no equilíbrio. “Ele começou na fisioterapia devido a uma luxação de quadril por conta do nanismo. O Luís  tinha dificuldade para caminhar e evoluiu bastante. Estamos novamente precisando de sessões mas estou à espera de vaga pelo SUS para o tratamento, e ele voltou a reclamar das dores. Infelizmente não temos plano de saúde”, explica. Edielma diz que parte do acompanhamento do filho é feito na Apae, mas que devido à quantidade de crianças na fila, já teve que custear algumas sessões de forma particular, o que não é possível no momento. 

Luís Eduardo Sousa, de 3 anos e 10 meses

Exercícios em casa 

Larissa Nadine, de 26 anos, é mãe da Maria Luísa, de 8 meses, que tem acondroplasia. Elas moram em Paranoá, no Distrito Federal (DF) e começaram a fisioterapia quando ela tinha pouco mais de 3 meses. “Ela tinha o pescoço bem molinho e não sustentava a cabeça. Na fisioterapia aprendemos exercícios para fortalecer e, aos poucos, ela foi se firmando. Hoje fica sentada sozinha, vira de bruços e desvira, pega as coisas, é bem esperta. Maria Luísa faz a sessão uma vez por semana em um hospital público perto da nossa casa, e a fisio passa exercícios para fazermos ao decorrer da semana”. 

Maria Luísa, de 8 meses

Dor crônica 

Monalisa Ned tem displasia espondiloepifisaria e sofre com dores crônicas devido à osteoartrite grave poliarticulares, com abordagem de cirurgias prévias, escoliose grave e síndrome do túnel do carpo. Com 93 cm de altura, ela explica que a fisioterapia lhe dá mais força na mobilidade e atua na diminuição das dores, o que avalia como muito significativo. “Dor é uma coisa ruim. Deprime, desanima, incomoda. Tenho conseguido, com ajuda da fisioterapia, ficar mais tempo em pé e trocar de postura com mais segurança e facilidade”, completa. 

Ela afirma ainda que com ajuda de muletas têm conseguido andar melhor em pequenas distâncias, deixando a cadeira de rodas apenas para grandes distâncias. “Estou arriscando até cozinhar novamente e minhas atividades diárias não estão mais estagnadas. Até a depressão melhorou”, finaliza Ned. 

Catherine Moraes

Jornalista por formação e apaixonada pelo poder da escrita. Do tipo que acredita que a informação pode mudar o mundo, pra melhor!
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