Qual é o momento ideal para um alongamento ósseo e quais os principais pontos devem ser levados em consideração na decisão em pacientes com nanismo? Para o principal especialista do país em alongamento ósseo, José Carlos Bongiovanni, na maior parte dos casos o ideal é dar início aos procedimentos entre 7 e 8 anos. Ele esteve presente no 4° Encontro Nacional Somos Todos Gigantes, que reúne famílias com nanismo do país todo em Goiás até a próxima segunda-feira (1°).
O evento, que conta com a participação de 150 pessoas, entre crianças e adultos, é realizado na Villa Andrade, em Bela Vista de Goiás. Na manhã deste domingo (31), Bongiovanni ministrou uma das palestras mais aguardadas do evento e explicou as condições básicas que devem.ser analisadas para que seja feito um procedimento de alongamento ósseo: hospital, equipe médica, equipe paramédica, reabilitação, psicologia, social.
“Até os anos 1980, não conhecíamos a possibilidade de fazer grandes alongamentos porque no mundo ocidental tínhamos muita dificuldade. Fazíamos alongamento de 2 cm. Até que veio a técnica de Gavraiil Abramovich Ilizarov. Falo alongamento ósseo, mas estou alongando parte muscular, vascular, neurológica do membro”
Na prática, o especialista afirma que os planos de saúde são obrigados a custear o procedimento. Para o alongamento das pernas o esperado é aumento de 10 a 12 cm; 8 cm para braços e 8 cm para os fêmures. “O mundo foi projetado para uma altura mínima de 1,50m. O alongamento pode possibilitar, para muitos, acessibilidade que começa até mesmo no airbag de um carro”.
Bongiovanni diz que é necessário preservar a anatomia e a função normal dos membros alongados. Explicou também que a tendência mundial é diminuir o tempo de tratamento, as complicações, bem como reduzir o tempo de reabilitação. No geral, primeiro pernas, depois úmeros e por último fêmures. No caso de pacientes com acondroplasia, os objetivos envolvem alcance maior de altura e hiperlordose correta da coluna.
Ainda que exista mundialmente uma discussão sobre idade ideal para que cirurgias sejam feitas e em alguns casos, a adolescência seja tida como ideal pela maturidade emocional, o ortopedista acredita no potencial das crianças. “A criança em poucos dias está andando e tem recuperação melhor que dos adultos. A partir dos 7 anos, a criança já sabe o que quer, muitas vezes já consegue escolher”.
Há exceções. Em casos de nanismo diastrófico, com grandes deformidades articulares, o tratamento deve ser iniciado precocemente no 1° ano de vida. “É possível que haja evolução boa, mas precisa ser precoce”, finaliza.
Currículo
José Carlos Bongiovanni é ortopedista do Hospital Albert Einstein, diretor presidente do Centro Brasileiro de Reconstrução e Alongamento Ósseo (Cebrao) e fundador da Sociedade Internacional de Alongamento Ósseo. Bongiovanni também atua como professor titular da Universidade de Mogi das Cruzes e Unifesp.