Sediado em Goiás, o Instituto Nacional de Nanismo (INN) agora faz parte do Fórum de Inclusão no Mercado de Trabalho das Pessoas com Deficiência e dos Reabilitados pelo INSS (FIMTPODER). A parceria, que começou logo após uma visita técnica na Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), tem como objetivo fortalecer redes de proteção e articulação institucional e dar visibilidade para a causa e movimento das pessoas com nanismo.
Presidente do INN, Juliana Yamin explica que é necessário representar uma comunidade que ainda é invisibilizada em nosso país. “As pessoas com nanismo só conseguiram obter reconhecimento sobre seus direitos enquanto pessoas com deficiência em 2004. Isso é muito recente! Participar como membro no fórum significa acompanhar e contribuir com discussões sobre políticas públicas e legislações que estão ligadas às pessoas com deficiência no mundo do trabalho. As pessoas com nanismo, principalmente os adultos sofreram e ainda sofrem muitas violações de direitos no Brasil”, completa.
Assistente social do INN, Kézia Castro participou, junto com a presidente, da visita técnica à Fieg. Na ocasião, o presidente em exercício sugeriu que o Instituto se inscrevesse no Fórum para somar forças. “Passamos a conhecer o FIMTPODER e as ações executadas. Nossa ideia é trabalhar em conjunto nas ações, eventos e notas públicas sobre temas relevantes para as pessoas com deficiência no que se refere ao mundo do trabalho.”
Kézia afirma que o INN está alinhado à defesa dos direitos sociais, em especial os relacionados ao trabalho digno, à proteção previdenciária e à justiça social para essa comunidade. “Dessa forma, participar e ocupar espaços de controle social são fundamentais”, acrescenta.
Psicóloga do Instituto e pessoa com nanismo, Izabela Ganzer afirma que as pessoas com nanismo enfrentam desafios que vão muito além da busca por uma oportunidade de trabalho. A começar pela acessibilidade, ainda muitos ambientes não estão adaptados às suas necessidades específicas, por exemplo, o mobiliário inadequado, o que gera barreiras físicas para um bom desenvolvimento no dia a dia de trabalho desse colaborador.

“Na fase da contratação, ainda há um forte estigma. Muitas vezes, a pessoa com nanismo é vista e reduzida apenas pela sua condição física, e não pelas suas habilidades e competências profissionais. Isso restringe o acesso às vagas e, muitas vezes, limita as funções às quais ela é considerada ‘apta’. No que diz respeito à permanência, o desafio é ainda maior. Além da falta de acessibilidade, muitas empresas não possuem políticas de inclusão efetivas, o que contribui para o isolamento e a desvalorização profissional. Outro aspecto importante, mas pouco discutido, é a ausência de reconhecimento a longo prazo. Mesmo quando a pessoa com nanismo evolui no desempenho, assume mais responsabilidades e entrega resultados, raramente é considerada para promoções ou cargos de liderança. Existe uma barreira invisível que impede esse avanço, sendo ela um reflexo direto do capacitismo estrutural.”
Parceria é importante
A parceria é importante no sentido de atuar juntos na defesa dos direitos já conquistados, integrar um espaço coletivo de diálogo, articulação e mobilização entre instituições públicas, entidades da sociedade civil, sindicatos, associações e outros atores sociais comprometidos com a defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários no Brasil. Além disso, buscar fortalecer a atuação coletiva e estratégica diante de ameaças aos direitos do trabalho digno da pessoa com deficiência e da Lei brasileira de Inclusão (LBI).
O que já foi feito?
Entre os avanços já alcançados, um marco importante foi o reconhecimento do nanismo como uma deficiência física, o que garantiu a inclusão dessa população na Lei de Cotas. Embora essa medida ainda enfrente muitos desafios práticos, e esteja longe de refletir uma realidade de inclusão ideal, ela tem contribuído, mesmo que forçosamente, para a inserção de pessoas com nanismo no mercado formal de trabalho.
Quais são as expectativas futuras?
Para o futuro, a expectativa é que possamos romper com os estigmas historicamente associados às pessoas com nanismo, especialmente no que diz respeito à sua condição física. É fundamental que a sociedade avance para além da inclusão pela obrigação legal, e passe a enxergar o potencial dessas pessoas. Também esperamos um compromisso cada vez maior com cumprimento da lei, a acessibilidade de forma efetiva nos ambientes de trabalho, promovendo não só a entrada, mas a permanência e o crescimento profissional da pessoa com nanismo em condições de igualdade.