10 atletas com nanismo representam o Brasil nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023

Competição começa nesta sexta, dia 17, e segue até dia 26, no Chile. Brasil lidera quadro geral de medalhas dos Jogos Parapan-Americanos desde Rio 2007

Foram dias, semanas, meses, anos de preparação e entrega. Nesta sexta-feira, dia 17, 324 atletas brasileiros começam a fazer história nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023. Do total, 10 são profissionais com nanismo e disputam as modalidades halterofilismo, badminton e natação. “Eu vim pra dar o meu melhor e mostrar que todo mundo é capaz de realizar seus sonhos”, festeja Bruno Carra que disputa um Parapan-Americano pela quarta vez.

O paulista, de 34 anos, é atleta do halterofilismo. A primeira disputa é individual e acontece no dia 19. Já a por equipe será realizada no dia 21. “Minha expectativa é ficar em primeiro lugar nas duas categorias. A rotina de treinos para me preparar foi de 3 a 4 horas por dia, conciliando sempre com sessões de fisioterapia, pilates e outros treinos similares”. Bruno conheceu a modalidade há 15 anos e se apaixonou. “Eu comecei a treinar na academia como forma de ter qualidade de vida. Tive grandes melhorias e entrei na musculação e depois no jiu jitsu. Em 2008, por meio de um amigo, conheci o halterofilismo. A partir de então, não parei mais de praticar”, conta Bruno.

Bruno Carra compete pela quarta vez nos Jogos Parapan-Americanos (Foto: Arquivo pessoal)

Bruno é campeão brasileiro desde 2010, já foi para três paralimpíadas e esta é a quarta vez que participa dos Jogos Parapan-Americanos, evento do qual ele acumula duas medalhas de pratas e uma de ouro. “Essa competição significa muito para mim em vários aspectos. Primeiro, por minha família que sempre acreditou muito em mim. Segundo, pela minha equipe e por todas as pessoas com deficiência. É uma forma de representatividade, de inclusão. Uma forma de mostrar que somos capazes e podemos dar o melhor de nós mesmos”, finaliza o atleta.

Conquistas de Bruno
Prata na etapa da Copa do Mundo de Dubai; prata na etapa de Tbilisi da Copa do Mundo 2021; prata na Copa do Mundo da Nigéria em 2020; ouro nos Jogos ParapanAmericanos Lima 2019; prata por equipe no Mundial da modalidade no Cazaquistão em 2019; quarto lugar nos Jogos Paralímpicos Rio 2016; prata nos Jogos Parapan-Americanos Toronto 2015 e Guadalajara 2011.

O Halterofilismo
Os atletas executam um movimento chamado supino, deitados em um banco. Cada competidor tem três tentativas. O maior peso levantado é considerado como resultado final. Durante a disputa, três árbitros avaliam as tentativas de levantamento de peso. A bandeira branca significa que o movimento foi válido e, a vermelha, inválido. O atleta precisa ter, pelo menos, duas bandeiras brancas para que os quilos alçados sejam considerados.

No Badminton
Quem também já está na cidade com o coração acelerado é Natalia Borges Xavier, conhecida como Naná, do Badminton. A goianiense de 23 anos, que nasceu com hipoacondroplasia, começou a praticar a modalidade em 2021.

Natalia Borges Xavier busca medalha de ouro (Foto: Arquivo pessoal)

Ela leva na bagagem a experiência anos no Ballet. “Fiz Ballet por muitos anos e hoje me ajuda muito na elasticidade, flexibilidade e disciplina. Nós, pessoas com nanismo, sentimos muitas dores fazendo ou não atividades físicas. Então, o Ballet me ajudou nisso e além, claro, dos meus técnicos”, disse a atleta.

A atual campeã brasileira em três categorias quer ser referência. “Quero que outras pessoas vejam que quem tem nanismo é capaz de fazer qualquer tipo de esporte. Isso é uma forma de cuidado físico e também uma evolução pessoal”, completou Naná. Pra ela, o jogo será difícil, mas a meta é adquirir experiência e buscar uma medalha. “Eu sou pé no chão. Tenho algumas metas em competições. Se a medalha vier, será maravilhoso. Cada competição é combustível pro meu desempenho”, finalizou.

O esporte
O Badminton é estruturado para pessoas com deficiência física e compôs o programa dos Jogos Paralímpicos pela primeira vez em Tóquio 2021. Para praticar a modalidade, atletas em cadeira de rodas e andantes utilizam uma raquete para golpear uma peteca na quadra dos adversários competindo em provas individuais, duplas (masculinas e femininas) e mistas em seis classes funcionais diferentes. A modalidade estreou nos Jogos Parapan-Americanos pela primeira vez em Lima 2019, última edição do evento. E os brasileiros lideraram o quadro de medalhas do badminton naquela ocasião, com 10 pódios, sendo quatro medalhas de ouro, quatro de prata e duas de bronze.

O esporte e a inclusão

Para a presidente do Instituto Nacional de Nanismo (INN), Juliana Yamin, além de ferramenta de inclusão, o esporte é reconhecidamente uma forma de desenvolvimento pessoal do indivíduo. “Para as pessoas com displasias ósseas é de fundamental relevância, porque além de todos os benefícios físicos que a atividade física promove, há um fortalecimento emocional, um ganho de auto percepção e autoestima importantes. Saber que tantos atletas com nanismo representarão nosso país em uma competição internacional tão importante, certamente faz com que mais jovens se inspirem a enxergar o esporte como uma possibilidade real de transformação de suas vidas”.

História dos jogos

Os Jogos Parapan-Americanos tiveram sua origem em solo canadense, em 1967, em Winnipeg. Na ocasião, seis países se reuniram para a disputa apenas em modalidades para cadeirantes. Até 1995, nove edições similares para modalidades e classes específicas foram realizadas. Somente a partir de 1999, na Cidade do México, a competição ganhou o nome de Jogos Parapan-Americanos e reuniu atletas com diferentes tipos de deficiência em quatro modalidades, isso tudo sob a chancela do Comitê Paralímpico Internacional (IPC). A cada edição, o número de atletas e modalidades em disputas aumenta.

Desde 1999, os atletas brasileiros já conquistaram 1.334 medalhas em Jogos Parapan-Americanos, sendo 569 de ouro, 409 de prata e 356 de bronze. Nas quatro últimas edições, Lima 2019, Toronto 2015, Guadalajara 2011 e Rio 2007, o Brasil terminou o Parapan na primeira posição do quadro de medalhas. Em Lima 2019, no Peru, o Brasil entrou para história ao bater o recorde de conquistas. Os brasileiros chegaram à inédita marca de 308 medalhas, entre as quais 124 de ouro, 99 de prata e 85 de bronze. Nunca nenhum país somou tantas vitórias em uma única edição de Parapan.

Equipe brasileira do Badminton (Foto: divulgação)
Atletas com nanismo do Badminton (Foto: divulgação)

Conheça os atletas:
Mariana D’Andrea – halterofilismo
Bruno Carra – halterofilismo
Maria Rizonaide – halterofilismo
Cristiane Reis – halterofilismo
Vitor Tavares – badminton
Vinícius Oliveira – badminton
Renata dos Reis – badminton
Natalia Borges Xavier – badminton
Márcio Dellafina – badminton
Mayra Petzold – natação

Kamylla Rodrigues

Kamylla Rodrigues é formada em Jornalismo pela Faculdade Alves Faria (ALFA). Já trabalhou em redações como Diário da Manhã e O Hoje, em assessorias de imprensa, sendo uma delas do governador de Goiás, além de telejornais como Band e Record, onde exerce o cargo de repórter atualmente.
Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja Mais

“Infarto por compressão pode levar à tetraplegia”, afirma neurologista

Professor de neurocirurgia da Unifesp e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Pediátrica, Sérgio Cavalheiro foi um dos primeiros palestrantes do 7° Encontro do Instituto Nacional de Nanismo (INN) realizado em São Paulo, de 15 a 17 de novembro. Sergio falou sobre estenose espinhal, característica

“Infarto por compressão pode levar à tetraplegia”, afirma neurologista

Professor de neurocirurgia da Unifesp e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Pediátrica, Sérgio Cavalheiro foi um dos primeiros palestrantes do 7° Encontro do Instituto Nacional de Nanismo (INN) realizado em São Paulo, de 15 a 17 de novembro. Sergio falou sobre estenose espinhal, característica