João Pedro superou o abandono e as limitações da estatura. Seu maior sonho é ser jogador de futebol
“É bom e ganha muito dinheiro” – justifica João Pedro, 9, um guerreiro que superou o abandono da mãe após o nascimento e tem vencido as limitações do nanismo. Jogar futebol é um sonho comum para a criança brasileira. As rodas de familiares e amigos em torno das TVs em que assistem rodadas de campeonatos regionais ou nacionais são uma tradição cultural. A bola no pé da criançada em cada rua deserta ou no meio de cada pracinha de bairro é um retrato da infância no Brasil. O encanto de personagens como rei Pelé, Ronaldinho Fenômeno e do multimidiático Neymar vai além dos contos de fada. São histórias de vida reais. Exemplos a serem seguidos por admiração, paixão e claro, por diversão.
João Pedro tem escolhido este caminho. Atleta mirim da equipe sub-11 do River-PI, ele não tem dúvidas sobre o desejo de jogar profissionalmente. Mas a condição de João Pedro também exige encarar a realidade. Diagnosticado com nanismo após cinco dias de nascido, ele descartou a possibilidade de uma hidrocefalia, mas precisa de atenção redobrada quando o assunto é esporte de alto rendimento.
Foto: TV Clube
Ele mostra habilidade com a bola no pé
“Quando se fala de exercício físico, de treinamento ou esporte, precisamos ver vários fatores. É salutar que qualquer pessoa, independente de condição, faça exercício físico de forma regular. Quando se fala de esporte de alto rendimento, temos que ter alguns cuidados e critérios. O que se recomenda primeiro é que um atleta com nanismo tenha um acompanhamento médico muito especializado. São pessoas que naturalmente vão ter uma predisposição a lesões mioarticulares”, explica o fisiologista Marcos Antônio Santos.
Gol do Seu Pedro
O acompanhamento e cuidado intenso são indicados. Feito isso, alguns gigantes se arriscam até no campo dos esportes radicais como é o caso de Maria Matos, 25, que gosta de hipismo, wakeboard e stand up paddle.
Para João Pedro, o cuidado intenso não será um problema. Adotado no ato por vizinhos que sempre o tratam como filho, ele ostenta um sorriso radiante e cheio de expectativas para o futuro que semeia. “Todo mundo gosta dele. É João Pedro pra cá, é João Pedro pra lá. Se tornou o mascote do sub-11, e vai conquistando mais e mais o carinho de todos”, conta o treinador Galinho.
Foto: TV Clube
João Pedro, o treinador Galinho e colegas da sub-11 do River-PI
Seu Pedro, o vizinho que recebeu a criança abandonada como um presente no seio de sua família, relata que o menino é a realização de um sonho para ele que só gerou mulheres.
“Me emociono e muito. Eu nunca tive um filho homem e sempre tive vontade de ter. Ele chegou na vida da gente para fazer a felicidade da gente completa. Todo mundo gosta dele, família, quem não é família, amigos, todo mundo gosta dele. É amigo de todo mundo, tanto faz ser criança ou adulto. Para mim, é uma emoção muito grande”, conta emocionado este verdadeiro Pai.
Foto: TV Clube
Seu Pedro, pai de João Pedro
Ele conta que havia saído para pescar, no rio Poti quando a esposa ligou contando sobre o bebê que estava sendo deixado pela mãe. “Minha esposa me ligou dizendo que a Daiane (filha) ligou dizendo que a menina estava dando o nenezinho, que se ninguém quisesse ela ia deixar em uma sacola em qualquer esquina. Aí minha filha disse para ela que eu ia criar com minha mulher”.
Arremate
Apesar dos cuidados específicos, no dia-a-dia do time, João Pedro tem um desempenho correspondente ao de qualquer criança em sua idade. Segundo o próprio treinador, ele treina as mesmas sequências repassadas para os demais e não fica atrás.
Foto: TV Clube
João Pedro não tem dúvidas: quer ficar rico fazendo o que gosta
“Não tem essa dificuldade, de a gente fazer uma série de cinco e ele errar as cinco. A gente faz uma série e duas ou três ele está acertando”, diz Galinho.
com informações de Globo Esporte