Nem por um minuto

Final de ano chegou e a tradição é lotar shoppings e centros comerciais em busca de presentes e passeios próprios do Natal. Tem também a corrida pelas roupas novas, geralmente inauguradas nas festas de final de ano, e uma grande procura por frutas típicas e comidas especiais em supermercados e empórios. Enfim, o difícil mesmo é encontrar vaga para estacionar o carro quando todo mundo resolve ir para o mesmo lugar!

É também quando tudo está mais movimentado que vemos se repetir com maior frequência o desrespeito com a vagas prioritárias. Em 2013, a campanha #nemporumminuto viralizou nas redes sociais e trouxe a reflexão do respeito às diferenças para a pauta popular.

Foto: O Estadão
Post da campanha original viralizou em 2013 e ganhou mais de 2.400 compartilhamentos, segundo O Estadão.

A frase #nemporumminuto ironiza a famosa desculpa de muitos motoristas que usam indevidamente as vagas reservadas e dizem que será “somente por um minuto”.

Ganhou complementaridade com o trabalho do site Esta Vaga Não é Sua, onde podemos encontrar materiais sobre a campanha contra o uso inapropriado de vagas prioritárias, espaço para denúncias de carros flagrados em espaços reservados aos deficientes e orientações sobre como participar e propagar a campanha na sua região. Entre no link e encontre uma maneira de participar. 😉

A forma mais prática e fácil é repercutir a hashtag #nemporumminuto. Você também pode denunciar com as fotos do carro em situação irregular nas suas redes sociais, no Detran de sua região e também no site da campanha.

Agora, neste final de 2017, com o nanismo sendo debatido em grande escala na emissora de maior audiência no Brasil e no cinema nacional, por uma ótica mais humana e verdadeira, é a hora de aproveitarmos o enfoque para levantar nossa voz. Lembrar o Brasil de que estamos aqui, temos direitos e merecemos que sejam respeitados.

“Afinal, o que é respeito?

É o reconhecimento dos limites de alguém? É a busca pela ética? É o seguimento dos padrões morais estabelecidos pela sociedade?

Não, o respeito vem de dentro.

Vem do berço, das conversas em família, do almoço de domingo, da escola e brincadeiras de roda.

Vem das relações entre amigos, do sentimento, da desconfiança, da personalidade.

O respeito está em nós, mas só é incitado pelo ensinamento e orientação, o que talvez esteja em falta hoje nas escolas…

Ou talvez não seja a ausência de instrução. É apenas uma má articulação das notícias.

Há campanhas, sites, blogs, ONG’s, voluntários…

Enfim, falta ENGAJAMENTO.

E é por isso que, pelo tempo reduzido ao trabalho ou excesso de compromissos na agenda, você não tenha as necessárias condições de empenhar-se em uma causa formalizada, mas, as pequenas ações bastam (e remanescem)!

Respeitar deveria estar sempre na moda, ser assunto nos ‘trending topics’, estourar na mídia não só quando coisa ruim acontece. Deve fazer parte da nossa vivência, afinal, o respeito é o amor em roupas simples”. (texto de Agnes Ishi Assunção, técnica em Design de Interiores pelo SENAC, que sempre buscou atuar na área de mobilização social)

Esta reflexão, publicada no site Esta Vaga Não É Sua, nos lembra quão valiosa é nossa parcela de atitude, quando damos exemplo para os demais. Os tempos podem evoluir, a humanidade se munir de tecnologia para trabalhar e se relacionar, mas por traz das máquinas, os seres humanos são os mesmos. A forma mais antiga de relação entre as pessoas sempre começou nas famílias e o principal laço, sempre foi o amor. Isso não mudou.

Estamos vivendo um grande momento quando a internet nos conecta como uma única rede de pensamentos, vontades e necessidades. Neste contexto, estamos todos unidos e convivemos juntos com maior fluidez do que na vida real. Estamos aprendendo a nos reunir em torno de nossas causas, unir forças e plantar sementes de ideias. Estamos aprendendo que nossa família vai além das paredes de nossas casas porque somos todos seres humanos a espera de respeito e oportunidades, de amor e carinho, de apoio e compreensão. Porque somos muito além das nossas propriedades e de nossos valores individuais. Somos seres coletivos.

                                                 Foto: Essa Vaga Não É Sua
Foto: Essa Vaga Não É Sua
A multa moral é uma forma informal de notificar os motoristas que desrespeitam vagas prioritárias. Ela pode ser baixada no site apresentado nesta matéria mas o link está fora do ar. Vamos disponibilizar em nosso perfil do Facebook assim que reestabelecido o acesso.

A verdade é que nossa realidade tem mudado quando abrimos os olhos para a imensa e densa diferença entre as pessoas e para a beleza plena e complementar desse emaranhado de peculiaridades. O momento não poderia ser mais propício para cada um fazer a sua parte e fundar em si um exemplo da mudança, do respeito e da empatia que espera dos outros.

Mesmo que seja só por um minuto, ninguém é obrigado a esperar pelo seu atraso… Nem por um minuto, seu direito vale mais do que o de ninguém. E mesmo que a desculpa seja boa… Nossa sugestão é: não compartilhe seus problemas.

Compartilhe: soluções, respeito, amor… Certamente, na órbita planetária, problemas são frequentes em todas as formas e vidas. Compartilhe sua educação, conserve o espaço alheio e, quando possível e/ou preciso, abra mão do seu. Ensine seus filhos que a vida não é uma competição, nem uma corrida. Que o outro é tão importante quanto ele mesmo. A intenção é uma energia que circula. Que a sua seja de contribuir. Não de agravar.

Rafaela Toledo

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