Ela liderou uma das palestras mais emocionantes do segundo dia do 3º Congresso Nacional de Nanismo (10/11), em Goiânia. Mirella Nery é psicóloga pós-graduada em psicologia jurídica e criminologia; treinada em constelações familiares e organizacionais, Eneagrama e Programação Neurolinguística (PNL). Trabalha com foco em resultados obtidos com o acesso de material inconsciente e atualmente atende em Goiás e São Paulo.
No 3º Congresso de Nanismo, sua palestra foi sobre o tema “O Presente”, porque segundo Mirella, vivemos uma vida muito acelerada e totalmente ausente do momento presente. “Estamos aqui e a mente frequentemente se encontra em outro lugar”, esclarece sobre a importância do tema.
A psicóloga aborda o inconsciente para explicar o indivíduo, ponto de partida para a avaliação dos relacionamentos. Ela explica que o inconsciente é a parte mais complexa para se acessar. Ele é responsável por pelo menos 90% dos nossos pensamentos. Leia agora um resumo do que foi a palestra de Mirella:
Ancestralidade
Foto: Matheus Alves/ Fasam
“É nesta parte menos disponível e mais determinante que fica guardada toda nossa experiência de vida e de nossos antepassados”, explica ela demonstrando uma base junguiana em sua Análise do inconsciente. Para o suíço Carl Gustav Jung existem conjuntos de imagens primordiais em nosso imaginário, acumuladas ao longo das nossas gerações, representando o conhecimento no inconsciente (chamados por ele de arquétipos).
Mirella também pontua sobre o inconsciente atuar no corpo e influenciar sentimentos, sensações e consequentemente comportamentos. “O inconsciente fala o tempo todo conosco. Pelo corpo. Mas em nossa cultura, sentir é fraqueza. Entretanto perceber o sentimento é conectar com 90% da força que nos conduz”, palestra.
Para a psicóloga, o mundo atual nos mantém mais no plano das ideias do que em contato com o sentimento, e a verdadeira sabedoria humana mora no sentir. Por esse motivo, as crises nas relações, desenvolvidas com excesso de estímulo mental e pouca habilidade emocional.
A palestrante sugere colocarmos o pensamento à serviço do sentimento. Em análise, quanto mais a gente pensa, menos sente. “Pensamento desconectado do corpo é perigoso porque me coloca longe das forças que vieram antes de mim, da minha ancestralidade. O corpo é seguro. Tudo o que preciso no meu psíquico se encontra no meu corpo. Pessoas se comunicam pelos sentimentos”, pondera.
Somos ligados à nossa família por uma rede invisível que atua independente da nossa escolha. “As leis do inconsciente atuam aleatórias à nossa vontade e todas as pessoas pertencentes à rede são importantes e jamais poderão ser excluídas porque a rede é viva. O que tem efeito são os sentimentos”, fala Mirella.
Concordar e se alegrar com nossa ancestralidade, seria o caminho para usar nossas qualidades (e até defeitos) a nosso favor. “Se concordo e me alegro, tenho força. Se excluo, perco força”, exemplifica sobre a rede de relacionamentos humanos.
Consanguinidade
Foto: Matheus Alves/ Fasam
Sobre os casamentos, Mirella observa se tratar do encontro de dois diferentes sistemas de tradições humanas. Com base nisso, quando desconsideramos nossas questões anteriores, com nossos antepassados, para viver uma vida apenas considerando as vontades do casal, perdemos o foco da dinâmica da vida ditada por essa rede viva que não permite exclusão de ninguém.
“Não são duas pessoas mas duas famílias que se atraem inconscientemente para resolver questões. A criança é resultado do que as duas famílias precisam para evoluir, seguir adiante no movimento da vida”, comenta Mirella, lembrando que as crianças especiais estão à serviço de uma rede muito maior do que a compreensão dos pais pode alcançar.
Crianças Especiais
Foto: Matheus Alves/ Fasam
A psicóloga explica que o grande temor dos pais especiais é ver suas crianças excluídas desta rede de pertencimento. “Mas esta exclusão é uma fantasia que criamos para nossa mente porque ninguém pode ser excluído da rede. Mesmo porque ela tem movimento próprio e não depende do nosso controle”, diz Mirella sobre a frequente culpa sentida por pais de crianças especiais, mais por falta de conhecimento real do movimento inconsciente e evolutivo da vida.
“O dano psíquico é resultado da reação e não do fato”, traça um paralelo lembrando Jean Paul Sartre quando ele disse: “Não importa o que fizeram de mim mas o que eu fiz do que fizeram de mim”.
Quem lamenta, quem não aceita a situação na qual está inserido não está preparado para o movimento essencial da vida e isso muitas vezes está diretamente ligado à nossa ancestralidade e à relação que estabelecemos com nossos pais. “Primeiro somos servidos pelos pais e depois temos que servir”, observa.
Dar ou receber
Foto: Matheus Alves/ Fasam
O grande problema do ser humano é achar que a vida é do jeito que se quer porque não somos desconectados uns dos outros como acreditamos ser. “Não fomos nós que construímos a vida. Não somos nós que temos a vida. Ela que nos tem. A força de condução não é nossa e nos conduz independente de nossa vontade. Se você permite que a força te conduza, tem mais vida. A força está no corpo. Nada te pertence mais nesta vida do que seu corpo. Todo o resto é fantasia”, segue a palestra.
Mirella explica que quando os pais aprendem a superar seus medos e culpas, percebendo a raiva como resultado de questões internas mal resolvidas mais do que de qualquer situação externa, ganham força e dão exemplo de força.
“Muitas vezes nem somos nós que somos excluídos mas temos tanto medo e raiva que as pessoas se distanciam. Quais sentimentos estamos transmitindo”, questiona a psicóloga explicando que a postura interna dita a qualidade dos sentimentos que transmitimos.
“A sua missão na vida é viver”, finaliza e simplifica. Assista agora à palestra completa:
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