Na última sexta-feira, 12, a bancária Viviane de Assis, 38, passista com mais de 20 anos de Sapucaí, professora, atriz, modelo e palestrante, voltou ao 19ª Distrito Policial (DP) do Rio de Janeiro, na Tijuca, para tratar sobre o incidente onde alega ter sido vítima de preconceito, em uma loja do Praça Shopping, perto da Praça Saens Peña, no mesmo bairro.
Viviane conta que dia 19 de dezembro, a vendedora Deborah de Araújo da Maltas Modas, se recusou a atendê-la, enquanto se exaltava para os outros funcionários dizendo: “Tire isso daqui. Eu não vou atendê-la”, por causa de sua baixa estatura.
Assista aqui o vídeo onde Viviane denunciou o ocorrido.
A postura considerada bastante discriminatória pela possível vítima foi compartilhada ao vivo nas redes sociais de Viviane, onde ganhou Deborah de Araújo e gerou uma intensa onda de revolta contra a vendedora e apoio à passista, que este ano vai sair como Musa Destaque na Viradouro e desfilar também na Embaixadores da Alegria (destaque), na Magnólia Brasil, no Engata no Centro, no Bloco Senta que Eu Empurro (rainha da ala de passista) – que é o bloco dos cadeirantes, e talvez na Rocinha.
Com quase meio milhão de visualizações, o vídeo foi compartilhado 2.314 vezes por internautas indignados com a falta de respeito às diferenças.
O próprio Walcyr Carrasco, autor de O Outro Lado do Paraíso, novela onde Juliana Caldas atua representando representando Estela, uma personagem que sofre preconceito dentro de casa, com a própria mãe (Sofia, vivida por Marieta Severo), replicou a indignação de Vivi em seu perfil oficial no Instagram, conforme você pode conferir em nosso primeiro post sobre o caso.
Novidades do Caso
Ao voltar à Delegacia, Viviane conta que foi recebida pelo Dr. Paulo Henrique da Silva Pinto, delegado titular do 19ª DP, e informada sobre um atestado de fobia social anexado aos autos do processo pela parte acusada, na última semana.
A vendedora acusada de crime de preconceito e injúria ainda não compareceu à delegacia para depor. Pode pegar de um a três anos de prisão, caso seja condenada e os proprietários da loja também respondem ao processo solidariamente, podendo ser multados pelo crime supostamente ocorrido dentro de seu estabelecimento.
“O delegado falou que este atestado médico de um psiquiatra não tem validade, porque como é que uma pessoa anexa aos autos um atestado de fobia social, estando trabalhando? Ele vai mais a fundo na investigação porque ele quer descobrir quem passou este atestado, quem elaborou o laudo, e quer saber dos atendimentos médicos. Se é só um cara com um laudo ou se ela está em tratamento médico com este psiquiatra”, informa Kenia Maria Rio, advogada do caso e presidente da Associação de Nanismo do Estado do Rio de Janeiro (ANAERJ).
Outra reviravolta no caso foi a mudança no depoimento do proprietário da loja, Márcio Malta. Segundo Viviane, ao contrário do que aconteceu inicialmente, Márcio negou o ato discriminatório e até a presença de presença da passista na loja.
“Fiquei muito insatisfeita, decepcionada, com o depoimento do Márcio Malta. Ele reverteu a história, como consta no depoimento dele, falando que eu não entrei na loja, que não fui insultada e que não foi nada daquilo que eu havia dito. Quando o delegado me mostrou o depoimento dele, eu mostrei para ele um outro vídeo, que não publiquei, no qual estou dentro da loja, filmando a menina se escondendo e fazendo palhaçada. Ali naquele vídeo, fica nítido que eu estou dentro da loja. Ele também falou que eu expus o nome da loja. Sim! Expus o nome da loja porque se tratava de uma funcionária da loja e o dono estava presente. Ele, como proprietário, poderia ter corrigido ela, chamado sua atenção, coisa que, no ao vivo, vocês perceberam que não ocorreu”, desabafa Viviane.
Segundo a passista, assim que leu o depoimento prestado por Márcio, apresentou um outro vídeo realizado na ocasião da ocorrência, onde prova ter adentrado o estabelecimento e mostra a recusa da funcionária em enfrentá-la, negada pelo acusado. O conteúdo deste vídeo também será anexado aos autos do processo, conforme conta Vivi em entrevista exclusiva ao Somos Todos Gigantes.
Assista agora à nova prova do processo.
Em entrevista ao Extra, portal de notícias do G1, logo após o ocorrido, a esposa e Márcio e sócia do estabelecimento onde Viviane denunciou ter sido vítima de preconceito, Márcia Alves, teve uma posição diferente do marido: “Nós repudiamos totalmente esse comportamento, e a vendedora foi desligada de imediato. Ela havia começado há menos de 15 dias, porque precisávamos de mais uma pessoa nesse período de Natal. Ela ficou muito nervosa quando viu a Viviane, disse que tem até laudo médico atestando que possui uma fobia. Infelizmente, ela precisaria ter me falado isso antes, porque então não pode ser vendedora. Ninguém pode se comportar desse modo. O que eu pude fazer foi procurar a Viviane e me desculpar”, afirmou a proprietária em entrevista ao Extra.
Apesar de não ter conseguido ainda voltar à galeria na Tijuca, Viviane afirma estar muito bem. “Por ser uma pessoa, graças a Deus, muito bem resolvida, muito bem vivida, eu vou levar até o final, como eu já falei para todos. Em breve, passo mais informações. Agradeço de coração por vocês estarem junto comigo. Sempre colocando a notícia em primeiro lugar. Sempre atualizados. Eu já estou firme e forte. Para o carnaval, para desfilar. Estou indo aos ensaios de todas escolas onde desfilo e estou muito feliz com o carinho do público. Onde quer que eu vá todos são muitos solícitos, carinhosos e demonstram estar comigo nesta causa. Muito obrigada mesmo, de coração”, a passista agradece e acrescenta:
“Não vai ficar impune. Eu não sou troço. Meu nome é Viviane de Assis, musa, destaque, rainha de bateria, rainha da ala de passista, vivida, feliz e respeitada no mundo do samba e no mundo atual”, fecha Vivi, com todo nosso respeito e admiração.
Foto: Facebook Wilson Araújo
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