Carina Casuscelli cria moda para nanismo

A estilista paulistana esteve no Rio em novembro de 2016 para a peça ‘A moda está em baixa – pela democracia dos corpos’, pelo Instituto Oi Futuro, quando revelou a origem de sua inspiração

 

Carina Casuscelli, 37, tem origem italiana como muitos paulistanos, cresceu dentro do teatro e se formou nas artes cênicas dentro do Teatro Escola Macunaíma. Graduada em moda pela Universidade Anhembi Morumbi, hoje se envolve de forma holística com a criação teatral, abraçando hora produções, muitas vezes, atuações e, claro, assinando muitos figurinos ao longo de sua carreira.

 

Foto de Divulgação

Estilista,

Estilista, atriz, diretora, produtora, figurinista… e o que mais sua criatividade inventar

 

 

Quando fazia teatro, Carina teve a oportunidade de conviver com uma colega com nanismo e despertou para as dificuldades peculiares da condição. Foi quando pensou direcionar seu trabalho para pessoas que estão à margem da produção da moda. Pessoas que estejam de uma maneira ou outra segregadas pela grande indústria.

 

Foto do Facebook de Ana Oliveira

Carina

Carina e Ana Oliveira, amiga e também atriz, em Passeata Anaerj da Moda Está em Baixa no Rio de Janeiro em 2012

 

A equipe do Somos Todos Gigantes encontrou Carina quando ela esteve no Rio para a peça ‘A moda está em baixa – pela democracia dos corpos’, do Instituto Oi Futuro, e concedeu uma entrevista para O Globo. Ela também concordou em conversar exclusivamente com o primeiro portal sobre nanismo do Brasil. Acompanhe agora como foi o papo com Carina e compartilhe com seus amigos.

 

Foto de Divulgação

AtuaçãoCarina e Ana Oliveira, desta vez atuando, na Biblioteca Parque Estadual

 

A realidade está mudando. Hoje, no mundo todo, existem pessoas que pensam nos outros e se sensibilizam tentando realizar um mundo melhor onde uma realidade mais inclusiva é possível e palpável. Conheça uma dessas mulheres. Apresente para seus familiares, seus amigos e todos os seus contatos! Compartilhe!

 

#STG – O que desperta o seu olhar para a “democracia dos corpos”?

Carina Casuscelli – Sentir se bem consigo mesma, contemplar a beleza nas suas diferenças, ser único e ser coletivo, coexistir sem classificações e rótulos.

 

#STG – Como estudar teatro como alguém de baixa estatura estimulou sua criatividade para a moda?

 

Carina Casuscelli – O teatro faz parte da minha vida desde a minha adolescência e me ajudou a lidar com questões de transição, inseguranças e me fortaleceu como ser pensante e atuante, o teatro é democrático, onde podemos mexer em feridas sem se machucar, analisar perfis e vivenciar o outro, as suas dores , conflitos e alegrias, no palco temos “gentes”, gente magra, gente alta, gente gorda, gente doida, gente pequena…

 

As minhas amigas de palco me inspiram muito a ver o mundo real com suas críticas e apontamentos, e a saber lidar com inúmeras questões. Vi que não existia nada que ajudasse as pessoas com nanismo no transporte, roupa e etc.

 

Anos 90…que dificuldade… Fui fazer faculdade de moda paralelamente ao de teatro e levei comigo toda a minha inspiração do diferente, belo, contestador e posicionamento.

 

Então, os meus projetos como estudante eram voltados para criar e pensar looks para mulheres com nanismo e também minha amiga Jéssica que tem 1,99 de altura, seja no trabalho de moulage, estilo ou criação de editorial de moda conceitual.

 

#STG – Você acha que inclusão também é responsabilidade da moda?

Carina Casuscelli – A Moda é o sinalizador de um tempo, de um estilo de vida é muito mais que vestir corpos e precisa contemplar a diversidade como aos poucos vem acontecendo…

 

#STG – Você acha que o empoderamento está vencendo o bullying?

 

Carina Casuscelli – Com a postura positiva em relação a si mesma as pessoas encontram soluções, vencem barreiras internas e externas e certamente nenhuma crítica externa destrutiva vai abalar a estrutura do ser. Isso ajuda a superar a baixa estima, ensinando a lidar com as próprias limitações e ajudando o próxima a ver o quanto somos especiais com defeitos e limitações. Somos o que somos e podemos nos tornar melhores.

 

#STG – Nos seus 15 anos de carreira trabalhando com diversidade você sempre trabalhou com modelos de baixa estatura?

 

Carina Casuscelli – Sempre me inspirei na diversidade, nas artes visuais o meu olhar se encantava com obras de Frida Khalo, Toulose Lautrec. No teatro, a artista surda francesa Emmanuelle Laborit, entre outros artistas incríveis que superaram a limitação imposta pela externo, ou seja, a sociedade.

 

As mulheres com nanismo sempre estiveram me inspirando mesmo quando não concretizava uma obra, seja para a criação de um espetáculo performático, ou para encontrar meios de criação para moda “prêt à proter” (roupa feita industrialmente em série, de boa qualidade, e geralmente assinada por um estilista da moda).  

#STG – Para as pequenas criativas, você tem sugestão de ideias para se vestirem com praticidade?

 

Carina Casuscelli – Primeiramente é se sentir bem com o que vai usar no dia a dia com peças práticas e também não ter medo de ousar.

 

Se conhecer, saber que tipo de decote valoriza o colo. Destacar partes do corpo como a cintura, costas ou colo.

 

Jeans com stretch para modelar o corpo.

 

Tecidos com elastano.

 

Procurar marcas que confeccionam numerações variadas.

 

Adaptar algumas peças.

 

E ser segura de si!

#STG – Você acha que a moda, como expressão da arte, é também uma forma de resistência ao bullying e à crueldade da segregação?

 

Carina Casuscelli – Como a moda é um sinalizador de um tempo ela vem como expressão máxima das artes através dos desfiles performáticos, editoriais, exposições em galerias e ter como ideal de beleza de uma época as modelos ou celebridades, precisamos ter mais diversidade destes corpos, como vem acontecendo em doses homeopáticas, modelos plus size, o projeto A Moda está em baixa, o ator gato e talentoso Peter Dinklage que foi capa da Revista Rolling Stones, blogueiras e artistas como a Priscila Menucci, Juliana Caldas, Ana Oliveira, artistas talentosos que estão no mercado e inspirando não só pessoas com nanismo mas a todos.    

 

#STG – Como pais e mães podem criar filhos que resistam ao bullying, na sua opinião?

 

Carina Casuscelli – Orientar a respeitar a diversidade, que todos nós somos diferentes e especiais, que é enriquecedor aprender com a diferença do outro. Ajudar o colega! Criar senso do coletivo com as crianças.

 

Rafaela Toledo

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja Mais

10 anos do Somos Todos Gigantes em um Resort! 

Em 2025, o movimento Somos Todos Gigantes, que deu origem ao Instituto Nacional de Nanismo (INN) completa 10 anos e para comemorar preparamos um final de semana inteiro de festa! O evento será entre os dias 24 e 26 de outubro,  no Tauá Resort Alexânia,

10 anos do Somos Todos Gigantes em um Resort! 

Em 2025, o movimento Somos Todos Gigantes, que deu origem ao Instituto Nacional de Nanismo (INN) completa 10 anos e para comemorar preparamos um final de semana inteiro de festa! O evento será entre os dias 24 e 26 de outubro,  no Tauá Resort Alexânia,

Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.