Giro no esporte: Atletas com nanismo vencem competições e se preparam para novos desafios 

Profissionais do Halterofilismo, Badminton, Lançamento de disco, Arremesso de peso mostram disciplina e resultados cada vez mais importantes

Disciplina, treino, amor pelo esporte e certeza de missão cumprida. Nos últimos três meses, atletas com nanismo venceram diversas competições pelo Brasil e no mundo. Os nomes de Mariana D’Andrea, Vitor Tavares, Creusa Angélica, Naná, Camila Feitosa, Kauê, Cristiane Lourenço, Maria Rizonaide (Tayná) e Bruno Carra marcaram a história do halterofilismo, badminton, lançamento de disco e arremesso de peso. 

Na semana passada, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) também anunciou a convocação de 25 atletas para o Mundial de halterofilismo de Cairo 2025, que será disputado entre os dias 11 e 18 de outubro, no Egito. É a maior delegação brasileira na história da competição, com 16 atletas mulheres e nove halterofilistas homens. O recorde anterior havia acontecido em Dubai 2023, com 23 halterofilistas (14 mulheres e 9 homens). Destes, quatro são atletas com nanismo: Mariana D’Andreia, Bruno Carra, Maria Rizonaide e Creusa Angélica. 

Vem conferir a lista de premiações dos últimos meses e se orgulhar junto com a gente! 

Mariana D’Andrea 

Bicampeã paralímpica, a paulista Mariana D’Andrea conquistou a medalha de ouro na categoria até 73 quilos ao levantar 141 quilos na 2ª Fase Nacional do Circuito Paralímpico Loterias Caixa de halterofilismo e já garantiu uma vaga para Mundial da modalidade, que acontecerá no Cairo, Egito, de 10 a 18 de outubro. 

Mesmo abaixo de sua melhor marca na categoria — os 148kg dos Jogos de Paris 2024 — a atleta revelou que a estratégia era justamente não mostrar todo seu potencial antes da competição mundial. “Já tenho minha vaga garantida. Agora, estou adotando a tática de não revelar tudo. Compito, mas vou deixar para dar o meu máximo só no Mundial”, afirmou Mariana, que também foi campeã mundial em 2023 na categoria até 79kg.

“O Mundial de Dubai foi um momento muito marcante. Fiz minha maior marca até hoje, com 151kg, e perdi meu pai logo depois. Por isso, esse próximo Mundial tem um peso especial. Quero arrebentar e buscar minha segunda medalha.” A competição também registrou seis quebras de recordes brasileiros no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.

A paulista está entre os convocados para o Mundial da modalidade de Cairo 2025. 

Vitor Tavares 

O paranaense Vitor Tavares conquistou a medalha de ouro no Torneio Internacional de badminton de Bahrein. Além dele, mais dois brasileiros participaram da competição.

O medalhista de bronze nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 foi campeão na classe SH6 (baixa estatura) contra o sul-coreano Daesung Lee. A vitória do brasileiro foi por 2 games a 0 (21/16 e 21/14), garantindo o ouro. Nas semifinais, Vitor enfrentou o indiano Sivarjan Solaimalai e venceu também por 2 games a 0 (24/22 e 21/16).

Uma semana antes, o paranaense foi campeão no torneio internacional de badminton de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A final foi uma reedição da disputa do terceiro lugar de Paris 2024 contra o atleta de Hong Kong, Man Kai Chu, atual número 1 do mundo. A vitória na final veio de virada por 2 games a 1 (22/24, 21/14 e 21/17), garantindo também a invencibilidade nas disputas individuais.

Creusa Angélica

Estreante no Movimento Paralímpico, a piauiense Creusa Angélica de Castro, atleta de baixa estatura, sagrou-se campeã de halterofilismo no Meeting Paralímpico de Curitiba, na categoria até 41 kg, ao levantar 70kg em sua terceira tentativa e levou medalha de ouro para casa. Foi sua primeira competição paralímpica, aos 28 anos. 

“Estou tão feliz com essa marca e com essa vitória. Eu não conhecia o esporte paralímpico, eu gostava muito de praticar Crossfit, mas, por causa de um vídeo meu nas redes sociais, o CPB me permitiu conhecer o Valdecir, que foi quem me levou para o halterofilismo e hoje é meu treinador. Comecei a me preparar nessa modalidade há menos de dois meses”, contou ela. 

Creusa Angélica mora em Teresina (PI), mas tem se dividido entre treinos monitorados on-line por Valdecir e idas a Itu (SP), onde fica o AESA, clube pelo qual ela compete a partir de agora. “Quero alcançar rapidamente uma boa posição no ranking nacional para participar do próximo Campeonato Brasileiro – de 5 a 7 de dezembro, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo -, e sei que para isso terei que viajar mais, tanto para treinar quanto para competir”, disse a atleta.

Além de valer para o ranking e ter competições de alto rendimento, o Meeting Paralímpico também conta como seletiva estadual das Paralimpíadas Escolares, Paralimpíadas Universitárias, Paralimpíadas Militares e Intercentros (competição entre crianças de 7 a 10 anos, alunas dos Centros de Referência do CPB).

A atleta também conquistou medalha de bronze no Circuito Paralímpico Loterias Caixa de halterofilismo e garantiu vaga para o Mundial do Egito. Creusa ainda foi convocada para representar o Brasil no Parapan American World Cup 2025, em Santiago no Chile, que será realizado em agosto. “Além da conquista, essas medalhas significam tudo pra mim, realização de um sonho e um desejo maior de representar meu país e receber mais medalhas”. 

Naná

A atleta goiana (GO) de Parabadminton Natália Borges Xavier, conhecida como Naná, conquistou o primeiro lugar no lançamento de disco e primeiro lugar no arremesso de peso nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) Seletivas, que foi realizado em Brasília. “O lançamento de disco foi uma modalidade que eu nunca tinha participado. Eu estava insegura no começo, mas foi uma competição teste para ver se eu ia gostar. E eu gostei muito de tudo. Da energia do lugar, do espírito esportivo, da colaboração, do pertencimento”. 

Em agosto, ela participará de quatro competições: Parabadminton International 2025, no Peru; Meeting Paralímpico CPB, em Brasília; 2ª Etapa Nacional de Parabadminton, em Cuiabá e na Etapa IV Liga Independente de Badminton, em Goiânia. 

Camilla Feitosa 

Natural de Aracaju (SE), Camilla Feitosa, que já foi considerada a mulher mais forte do país, coleciona diversas medalhas e títulos. Nos últimos meses, a atleta levou para casa a medalha de ouro no Meeting Paralímpico de Aracajú. “Participar de um campeonato é algo mais profundo do que treinar. Vencer meus medos e inseguranças é acreditar que sou capaz”, disse.

Na segunda etapa da competição, que aconteceu em Recife, a atleta conquistou a medalha de bronze com o levantamento de 66 quilos. A conquista mais recente foi no Circuito Nacional Loterias Caixa, realizado em São Paulo, com a medalha de prata, com o levantamento de 63 quilos.

O halterofilismo entrou na vida de Camila por acaso, em 2018, por influência de um amigo, mas permaneceu por conta de seu desempenho. 

Kauê Motta

Kauê Motta, de Porto Velho (RO), acumula títulos em campeonatos de fisiculturismo e agora se prepara para disputar provas de halterofilismo com o objetivo de chegar às Paralimpíadas. 

No Arnold Classic, ele ficou na 4ª posição na open bodybuilder e top 1 na especial – para deficientes físicos e cadeirantes. No MuscleContest Brazil, Kauê foi top 2 na categoria especial e top 1 no bodybuilder. 

No Meeting de Curitiba, 2ª etapa nacional para halterofilismo, o atleta ficou na 2ª e na 4ª colocação em categorias diferentes. 

Kauê já acumula títulos em campeonatos de fisiculturismo, incluindo o Rio Pro, Last Warrior, Mr. Olympia e Muscle World. No entanto, agora ele busca novos desafios no halterofilismo. No planejamento do ano, Kauê segue de olho no Mr. Olympia (outubro) e MC Nacional (dezembro).

“O fisiculturismo é algo que me divirto muito. Gosto de mostrar para todos que somos capazes de fazermos o que quisermos. Tal qual disse Raul Seixas: basta ser sincero e desejar o profundo”, disse. 

Bruno Carra 

Natural de Salto, cidade do interior de São Paulo, Bruno Carra foi medalhista de ouro na segunda Etapa Nacional do Circuito Loterias Caixa, realizado em SP, no halterofilismo. Ele alcançou o topo do ranking nacional pela 15ª vez. “O significado maior dessa competição é ser o termômetro da nossa preparação rumo às principais competições deste ano”. 

Em Agosto, Bruno participa do Santiago 2025 Parapan American World Cup e em outubro do  campeonato mundial da modalidade Cairo 2025 Rookie & Next Gen World Championships.

Bruno tem na galeria particular conquistas como as medalhas de ouro no Parapan de Santiago-2023 e Lima-2019, além das pratas na Copa do Mundo de Dubai-2022 e Nigéria-2020, Parapan de Toronto-2015 e Guadalajara-2011.

Ele participou das Paralimpíadas de Londres, Rio e Tóquio, e não esconde o desejo de voltar ao torneio após ausência em Paris. “Hoje, minha meta é estar em Los Angeles-2028 e estou me preparando da melhor forma possível”. Ele está entre os convocados para o Mundial da modalidade de Cairo 2025. 

Cristiane Lourenço 

A empresária e bicampeã brasileira e paulista de Badminton, Cristiane Limeira Lourenço conquistou o segundo lugar em duas categorias: simples e dupla mista no Campeonato Nacional de Parabadminton – 1ª Etapa do Circuito Nacional 2025, realizada em São Bernardo do Campo. 

Maria Rizonaide, a Tayná

Conhecida como Tayná, Maria Rizonaide é uma das atletas convocadas para o Mundial de Halterofilismo que será realizado em Cairo, no Egito. Aos 43 anos, a potiguar quebrou, recentemente, recorde brasileiro na categoria 50kg com a marca de 108 kg na barra. “Recebi com muita alegria a convocação para representar meu país no mundial de Halterofilismo e prometo a todos que vou dar o meu melhor. Agradeço a Deus, primeiramente e a todos os meus familiares e amigos, além dos patrocinadores por acreditarem em mim”, compartilhou no Instagram.

Kamylla Rodrigues

Kamylla Rodrigues é formada em Jornalismo pela Faculdade Alves Faria (ALFA). Já trabalhou em redações como Diário da Manhã e O Hoje, em assessorias de imprensa, sendo uma delas do governador de Goiás, além de telejornais como Band e Record, onde exerce o cargo de repórter atualmente.
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