O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (23) os dados do Censo Demográfico 2022, revelando que 14,4 milhões de brasileiros com dois anos ou mais vivem com algum tipo de deficiência, o equivalente a 7,3% da população. Entre as principais dificuldades apontadas estão limitações visuais (7,9 milhões), mobilidade reduzida (5,2 milhões), dificuldades para usar mãos e braços (2,7 milhões) e deficiência auditiva (2,6 milhões).
Apesar do avanço na coleta de dados sobre deficiências, o Censo não contempla informações específicas sobre o nanismo. Essa ausência estatística compromete a visibilidade de uma parcela da população que enfrenta desafios particulares em áreas como acessibilidade urbana, saúde, educação e inclusão no mercado de trabalho.
Mesmo sem dados oficiais, estima-se que o Brasil tenha mais de 65 mil pessoas com algum tipo de nanismo. No mundo, esse número deve chegar a 3 milhões. Projeções indicam ainda que, a cada 10 mil brasileiros, aproximadamente 3,2 podem apresentar essa condição. No caso da acondroplasia, a forma mais comum de nanismo, a incidência estimada é de um a cada 25 mil nascimentos. Embora existam cerca de 750 tipos diferentes de nanismo descritos pela medicina, cerca de 80% das pessoas com a condição têm acondroplasia.
A falta de reconhecimento nos levantamentos censitários reforça um cenário de invisibilidade que dificulta a criação de políticas públicas específicas e efetivas para essa população. Sem dados, não há diagnóstico preciso e sem diagnóstico, não há planejamento adequado por parte do poder público.
Para a presidente do Instituto Nacional de Nanismo, Juliana Yamin, o Censo 2022 trouxe avanços importantes, mas ainda deixa lacunas graves quando ignora condições como o nanismo e outras deficiências específicas. “Sem dados, não há políticas públicas eficazes. É urgente uma reformulação que inclua informações concretas e detalhadas sobre toda a diversidade da população com deficiência no Brasil. O reconhecimento começa com a contagem. E enquanto o nanismo não for contabilizado, seguiremos invisíveis para o poder público”, disse.

“Como instituição, temos nos esforçado para levantar, por conta própria, dados sobre a comunidade com nanismo, uma tarefa que, na verdade, deveria ser responsabilidade do Estado. Sem estrutura e apoio, é como tentar fazer uma formiga carregar um piano. A cada edição do Censo que nos ignora, cresce a frustração e a sensação de impotência. Ainda assim, seguimos, porque precisamos saber quem somos, quantos somos e onde estamos. Sem isso, nossa comunidade continua invisível e excluída das políticas públicas mais básicas, completa Juliana que também é mãe de uma pessoa com nanismo.
É urgente que o nanismo seja reconhecido como uma condição que demanda atenção específica, e que os próximos censos incorporem essas informações de forma detalhada. A inclusão começa com o reconhecimento , e esse reconhecimento passa necessariamente pelos números.