A cidade dos anões

Você já ouviu falar essa história? Parece mito que exista uma cidade onde o nanismo seja tão comum que não existe preconceito, nem discriminação. Muito menos baixa autoestima. Mas Itabaianinha é real. Uma cidade de 40 mil habitantes no interior de Sergipe, onde a proporção de nascidos com baixa estatura é 25 vezes maior do que no restante do Brasil.

Conhecida há gerações como “a cidade dos anões”, o município também não dispõe de um censo oficial (como o país), mas o número de moradores pequenos é estimado entre 70 e 100.

Os moradores de Itabaianinha têm corpos proporcionais, só que em escala menor. Sofrem outra rara alteração genética que afeta o receptor do hormônio do crescimento. Como é transmitida de pais para filhos (mas alguns portadores não a desenvolvem), a endogamia fez o fenômeno crescer exponencialmente: muitos dos que têm nanismo são aparentados em maior ou menor grau e vêm de famílias de uma zona rural isolada: Carretéis.

Os gigantes de Itabaianinha, como grande parte daqueles que têm nanismo, têm a mesma expectativa de vida dos demais moradores da cidade. Vivem cercados de mitos, como o de que a falta do hormônio de crescimento prolonga a vida. Há seis anos, cientistas da universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, vieram fazer uma pesquisa em Itabaianinha e acabaram descartando a possibilidade de a mutação ser uma fonte de juventude.

A saúde deles é normal, exceto por certa tendência a colesterol alto e obesidade.

A palavra “anão” não desperta complexos em Clécio e Cleidivan Tibúrcio de Jesus. Os dois irmãos (34 e 32 anos) chegaram a formar, há alguns anos, uma banda: chamavam-se Os Anões do Arrocha.

Existe um programa governamental para injetar hormônio de crescimento em habitantes da cidade. Desde os anos 90, os médicos, coordenados pelo doutor Manuel Hermínio Aguiar-Oliveira, trataram uma vintena de crianças com a mutação genética. O tratamento é gratuito e garante uma estatura normal, segundo o médico, mas alguns se recusam. “Quando alcançam 1,40 ou 1,50 de altura querem abandonar o tratamento. Não têm nenhuma vergonha de serem pequenos, aqui é algo comum. São ativos, trabalham, vivem bem”, explica Aguiar-Oliveira. Maria José dos Santos foi mãe de nove filhos e, na verdade, queria que Manuel e João, que desenvolveram a mutação, “ficassem assim”. “Eram tão bonitos”, suspirava a mamãe.

Em Itabaianinha ninguém quer crescer!

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com informações de El País

 

Rafaela Toledo

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